sexta-feira, 24 de outubro de 2008

É pena
que não te mostrei o jazz do Miles Davis
que eu não cantei para ti, J. Coltrane/Hartman
que eu não te falei da beleza das sonatas de Beethoven
que eu não te falei da ópera Parsifal, de Wagner
que eu não te disse da beleza do balé "A Sagração da Primavera"
É pena
que eu não te emprestei os filmes que eu mais gosto
que eu não perguntei dos teus
que não choramos juntos em "As Pontes de Madison"
que não vimos sequer um filme juntos
É pena
que eu não falei dos livros que admiro
que eu não recitei os trechos que mais gosto para ti
que eu não te mostrei as gravuras de Escher
É pena
que não escutarei mais dos "banhos de lua"
que não escutarei mais a tua risada livre e franca
que não terei mais a tua amizade.
que era muito importante, para mim!
Os filisteus serão julgados
Diante do Senhor Nosso Deus.
E Ele perguntará sobre o que eles fizeram em vida.
E eles responderão:
"SENHOR, DESTRUÍMOS A AMIZADE MAIS BONITA QUE VIMOS!
POR PURA INVEJA,
E, POR ISSO, PEDIMOS O VOSSO PERDÃO!"
E arderão no fogo eterno.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Recordação (em andamento)

Ao menos, manda-me uma recordação tua Para que a esperança em meu coração mantenha-se viva, ou pelos menos os meus pensamentos sombrios possam ser apascentados, e recolham-se aos domínios de Morpheus, velho companheiro de desespero. Manda-me um sorriso, daqueles belos, que só tu sabes mandar, quando queres seduzir alguém. Ou melhor, manda-me um beijo, com os teus lábios de puro carmim, Para que possa enlaçar os meus sonhos com esta faixa que costurei com as minhas lágrimas e enredá-los nos fios da minha fantasia. Não aceitarei nada que possas me dar que objetive aumentar os meus bens. Mas, peço-te que jures e que digas que acreditas no meu amor, E nada mais.

Troca

Perdi o brilho dos meus olhos,
perdeu-se em ti!
Devolva-o, eu o quero!
Extraviados de desejos inconfessáveis,
Meus olhos se perderam também
quando, durante muito tempos se fixaram em ti.
As imagens registradas
pelas retinas fatigadas perturbam
a minha alma atormentado pelo teu corpo branco
estendido e receptivo à volúpia das minhas mãos.
Imagens que roubam o meu sono
e fazem-me acordar na escuridão
a dizer o teu nome!
Perdi o meu inocente coração,
Cansado, quase já nem batia por ninguém,
Mas era puro e era meu!
Ia pedi-lo de volta,
mas agora,
ele se encontra jovem e rejuvenescido
cheios de sentimentos que estavam há muito
perdidos nos escaninhos da memória.
Fique com ele,
Posso bem, carregar o vazio dentro de mim.
Em troca, peço-lhe tão somente o meu último beijo.
E depois partirei.
Escuto ao longe o apito do Trem.
Aposto numa viagem longa,
essa minha.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Restless Heart

A minha obra é de maior coragem
Maior até daquelas dos mais valorosos. Caso se dela eu fosse falar, Os outros apenas poderiam amar como dantes. Não espero que o mundo me mostre um Amor Mais digno de mim. Mas quem apaixonou-se pela beleza interior, Todos os exteriores despreza, Pois aquele que ama as cores, e a pele, Ama apenas as suas roupas mais velhas. Se, como eu, também tu conseguires Ver a Virtude vestida de mulher, E ousares amá-la, e também dizê-lo, Então fizeste obra de maior coragem Que todas as dos mais valorosos, E outra ainda maior decorre Que é mantê-la oculta. Vênus, ouviu-me suspirar este poema.

A Soft Place to Fall

No começo, parece estranho É grande, a queda. Vertigem Viajem Voragem Passagem de ida. De onde não compensa Voltar. Depois, Fica um ar de tanto faz. Tento então, Divisar, Se existe, realmente, algo Mais. Ou se é apenas a pura, Grande e doce Queda.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Crazy and Lost

Crazy and lost Menina Linda, estou meio que perdido. Fool! Tolo! Estou com um sorriso bobo Falo e dou risada sozinho Muitas vezes louco Eu sei. Eu sei. Por te amar, e por dizê-lo a ti. Em plangente poesia. Pergunto-me onde está o sábio Se depositei a minha vida completamente Em tuas mãos! Crazy! Louco! Te amo sem te conhecer! Acho que foram os teus olhos Ou a cor da tua pele, Quem sabe o teu sorriso de Menina Gentil e doce. Gravado no meu coração, No bronze forjado pelos deuses. Lost! Perdido. Me sinto assim, Não pensei que te amaria como te amo! Com tanto sentimento. Não espero que sintas O que sinto por ti Deixe-me apenas amá-la. E se tua partida for inevitável, Eu compreenderei. E continuarei te amando. Sempre.

sábado, 4 de outubro de 2008

Aurora Borealis

Na tarde côncava deste mês quente Sentado estava no sofá da sala ausente Quando apareceste, de repente Armada com um vestido vermelho, Disposta a arrancar os últimos vestígios Dos a mores pretéritos que ainda Assombravam meu coração. Arrebatou-me com teu beijo sensual Não mais de menina Mas de formosa pantera obstinada Capaz de gestos lânguidos, Instinto animal, A tomar como teu o meu coração. Tua pequena mão delicada Se apossou da minha, e Levou-a direto ao teu peito e, Sem nada dizer, Apenas sorriu aquiescente, Depositou-a sobre teu seio esquerdo, túrgido Teso, palpitante de desejo Debaixo daquele fino tecido De um vestido vermelho Como a mais bela camponesa de pele trigueira Das pradarias da terra de girassóis E alfazemas, dissipou Os fantasmas de outrora e Contruiu com esse gesto Brilhante aurora De um novo porvir. As testemunhas ficaram ofuscadas Ante a luminescência emanada Dos nossos corpos ali, suados, Nus, puros e belos, extenuados Pela tentativa apaixonada de fazer Os dois amantes fundirem-se num só. E que clamavam pelo prazer que Não tardaria a chegar, Na côncava tarde deste mês quente Naquela sala abafada e escura Onde tudo começou.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

DECLARAÇÃO DE AMOR EM CONSTRUÇÃO

Um homem indigno do amor que vivo tão sôfregamente,
com vergonha das suas misérias cotidianas,
das tentativas fracassadas de amar,
impôs a lei de que a mulher e o homem fariam uma única união.
Contrariou uma lei que é superior à sua sórdida mesquinhez: a Lei da Natureza.
Disso escaparam as outras felizes criaturas.
O sol e a lua não são proibidos por lei
De brilhar onde quiserem brilhar, ou então quiserem exibir todo o esplendor da sua luz.
Não são censuradas as criaturas que amam outras diferentes do par que lhe foi imposto por uma sociedade impermeável ao amor.
Nem são expulsos dos seus ninhos ou perdem as pensões mesmo que escolham novos amantes para si.
Quem arma belos navios
é com a intensão de singrar pelos mares
que cobrem a Terra, e não para ancorá-los ao porto,
e deixá-los lá apodrecendo de inutilidade e solidão.
As pessoas constroem belas casas
para preenchê-las com coisas e pessoas
das quais gostam e se apaixonam,
torná-las casas vivas
e não com o intuito de mantê-las fechadas,vazias,
condenadas à ruína do desuso.
A censura, que recai sobre a pesosa que volta a amar,
amor belo, puro e juvenil
condena-a à morte por solidão excessiva,
porque as coisas deixam
de ter um sentido real de vida para ela,
pois foi proibida de amar!
Tudo lhe foi retirado!
O direito a um novo amor, à felicidade, ao respeito
e à dignidade.
Contudo, eu não fiz um belo navio para deixá-lo ancorado!
O fiz para singrar os mares azuis cristalinos que o meu coração rebelde, companheiro de aventuras de Simbad,
me impõe resoluto!
Chega de casas vazias de paixão!
Sentimentos de solidão fazem parte do passado distante
e já não os diviso mais.
Perderam-se na poeira da memória!
Grito com toda força do meu ser:
VOLTEI A AMAR!
E não estou disposto a abrir mão
do amor por medo daquilo
que um punhado de pessoas mesquinhas
pode achar disso tudo!
Amo-te Menina Linda,
era isso que eu queria dizer para você.
Desde a primeira letra deste texto
que agora lês,
em algum lugar distante de onde estou.