sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"BISCATÓN" VAI LEVAR A ARGENTINA PARA O BURACO DE 2001

Bancos argentinos tentam reter dólares


Desde a semana passada, após medida do governo, saiu do país US$ 1,5 bilhão em moeda americana, 10% do total investido
Para consultoria, país comete o mesmo erro da Venezuela na década anterior ao controlar a venda de dólares
Preocupados com a retirada dos investimentos em dólar, os bancos do país têm adotado medidas para reter a moeda norte-americana.
Alguns bancos decidiram oferecer taxas de juros até dez vezes mais altas por depósitos a prazo fixo em dólares.
Na semana passada, o governo argentino passou a exigir uma série de documentos para comprovar os recursos e a finalidade de quem compra dólar no país.
Desde então, segundo estimativas extraoficiais, os argentinos tiraram dos bancos US$ 1,5 bilhão, 10% do total investido em dólar hoje.
Segundo informe recente da consultoria japonesa Nomura, a Argentina repete os mesmos erros da Venezuela na década anterior, quando o país de Hugo Chávez, que também controla a venda da moeda americana, acabou incentivando a criação de um dólar paralelo vendido a um preço superior ao oficial.
As medidas de controle adotadas pela Argentina resultaram no mesmo cenário, criando um mercado de câmbio "dual", exatamente o que o governo queria evitar. Ontem, a cotação oficial do dólar fechou em 4,28 pesos, mas no mercado paralelo ultrapassava os 5 pesos.
Além do controle do dólar, o documento da Nomura lido pela Folha cita outros aspectos da Argentina que se assemelham à situação venezuelana: o governo obriga empresas de energia e mineração a repatriar 100% dos rendimentos das exportações, contra os 30% adotados antes, e força empresas de seguros a vender as carteiras de estrangeiros e repatriar o dinheiro em até 50 dias.


FUGA DE CAPITAIS
Oficialmente, a Argentina adotou o controle do dólar para evitar a lavagem de dinheiro, segundo o ministro da Economia, Amado Boudou, que será o vice-presidente a partir de dezembro, quando se inicia o segundo mandato de Cristina Kirchner.
Mas um dos objetivos não declarados é evitar a crescente fuga de capitais, que já chegou a mais de US$ 21 bilhões, quase o recorde de 2008 (R$ 23 bilhões), período que gerou muita desconfiança no mercado e nos investidores porque o governo enfrentou uma crise com o campo e estatizou os fundos de pensão.
A fuga de capital ocorre quando, por medo de reação do governo ou deterioração das condições econômicas, os investidores que compraram títulos públicos ou privados e ações resolvem retirar seu dinheiro do país.

LUCAS FERRAZ e SYLVIA COLOMBO - FSP 

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