sexta-feira, 11 de novembro de 2011

CARNAVAL FORA DE ÉPOCA

Eliane Cantanhêde

Em busca de uma causa

BRASÍLIA - Centenas de milhares foram às ruas ontem na manifestação convocada, estimulada e financiada pelo governo do Rio para protestar contra as perdas na redistribuição dos royalties do petróleo.
O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes puxaram a fila. Escolas de samba garantiram a animação. Fernanda Montenegro, Caetano Veloso, Seu Jorge e outros deram status. Montes e montes de funcionários públicos foram atrás.
No Espírito Santo, também houve manifestação contra a perda de royalties. Em São Paulo, sem-teto invadiram prédios e foram retirados pela polícia, estudantes da USP invadiram a reitoria e foram às ruas a favor da maconha e contra a polícia.
Em Brasília, ambientalistas entraram em confronto com seguranças do Congresso na votação do Código Florestal e índios e estudantes se uniram para impedir o início das obras de um novo bairro de elite.
E mais uma rodada das marchas contra a corrupção vem aí no feriado do dia 15, em Brasília, São Paulo, Rio, Curitiba e capitais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Começaram com um punhado de gente, mas vêm crescendo, engrossando.
Ou seja: além das greves de várias categorias, principalmente do setor público, as pessoas estão redescobrindo a cidadania, a voz, o gosto pelas manifestações e pelos protestos. E, com exceção do energúmeno que atingiu o garoto no Congresso com uma arma paralisante, são movimentos pacíficos, com palavras de ordem positivas e com a velha pitada de alegria característica do brasileiro.
Enquanto na Europa as populações pagam preços altíssimos para consertar os estragos e os governos desabam como um castelo de cartas, o Brasil está em outra. As pessoas se mobilizam, sim, e em geral em torno de boas bandeiras -especialmente o combate à corrupção-, mas estabanadamente. Somos (ainda) rebeldes em busca de uma causa.

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