sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A CRISE EUROPEIA E O DESEMPREGO ENTRE JOVENS

Desemprego entre jovens alcança maior alta de todos os tempos

Jazz Jagger - Financial Times
Músicos britânicos participam de protesto contra o desemprego de jovens no Reino Unido em frente a um centro de emprego no centro de Londres, em 10 de outubro

O desemprego entre os jovens está na maior alta de todos os tempos, e os jovens hoje --inclusive eu-- estão começando a reavaliar o sentido do termo "carreira", que se tornou um animal estranho para qualquer um de 24 anos ou menos, sentado na nossa frente, rindo presunçoso.
Quando os adultos perguntam para as crianças: "O que você quer ser quando crescer?" A ênfase é sempre no "ser" --qual caminho formará sua identidade enquanto seus membros se desenvolvem e você começa a vestir roupas sóbrias.
A identidade, contudo, é um assunto delicado para os graduados de hoje, que provavelmente estão vivendo de seguro desemprego ou dos pais e se sentindo inúteis por isso: orgulho ferido, autoestima em queda e desespero financeiro, tudo isso trancado no antigo quarto da casa dos pais. Somos tentados entornar algumas ao pensar nos cheques que devem ser feitos para a onipresente financeira de empréstimo estudantil.
Enquanto isso, nossas qualificações são ridicularizadas em balcões polidos por adultos que usam ternos e abotoaduras.
Enquanto jogamos no lixo a 200ª carta apaixonada acompanhada de currículo, pensamos: "Chega –já que sou uma forma de vida inferior, com graduação em arte e um diploma inútil, talvez eu possa me permitir ser um pouco mais criativo sobre as possibilidades de carreira do que meus amigos com vocações mais inteligentes".
Então, que tal trabalhar como padeiro? Posso comer quantos pães doces quiser? Ou deve haver pessoas pagas para testar escorregas em hotéis de praia. Ou plantar --os agricultores supostamente são os mais felizes dos trabalhadores. E em 2009, alguém conseguiu um emprego para tomar conta de uma ilha paradisíaca por seis meses. Não se pode dizer não para isso.
Mas de volta ao mundo real, meus amigos vêm trabalhando como catadores de lixo e em McDonalds desde a universidade.
Isso ainda é preferível a ser um miserável estagiário escravo. Uma amiga, após dois anos de estágio que lhe propiciaram um acúmulo pouco saudável de cinismo, até teve que ouvir um de seus chefes brincar que "eles" (os estagiários) pareciam "suricatos –tão elétricos!" Todos no escritório acharam engraçado.
Ela não. Pediram que fizesse mais café.
Talvez não exista mais algo como um "emprego dos sonhos". Eu disse ao meu pai que gostava de livros e da forma como eram criados. "A edição de livros é uma indústria moribunda", retumbou.
Quem trabalha com propaganda sempre parece feliz –ou será que se tornam tão bons em vender que passam a vender a si mesmos para si mesmos? E os banqueiros, eles estouram muitas champanhes. E o Google? Parece divertido, maluco, o futuro?
Então resolvi conversar com um psicólogo ocupacional, Simon Draycott, no setor de estímulo à carreira da Mendas, que disse que dinheiro e fama com certeza não são as respostas. "É claro, você está certo, você está totalmente certo", retraí-me, sem estar totalmente convencido. Só dizemos essas coisas para psicólogos para que não pareçamos consumistas que só pensam em dinheiro –raciocinei.
Mas acontece que é verdade –as pesquisas mostram que o dinheiro simplesmente não traz felicidade. Salário, bônus, adoração mundial- essas coisas são "fatores de higiene", em termos psicológicos- eles nos agradam até certo ponto, mas se não houver mais substância logo nos sentimos vazios novamente.
"O que importa é o desafio", diz Simon Lutterbie, um astuto Dr.Phil em psicologia social do iOpener Institute of People and Performance. "É uma das grandes descobertas psicológicas, ou seja, que somos mais felizes quando estamos em vias de alcançar alguma coisa".
AA Milne também resumiu essa característica: "Bem, disse Pooh. 'O que eu mais gosto...' e aí teve que parar e pensar. Porque apesar de Comer Mel ser uma coisa muito boa, há um momento logo antes de começar a comer que é melhor do que quando você está comendo, mas ele não sabia como era chamado."
Será que um milhão de jovens desempregados estão em vias de alcançar algo? Em caso afirmativo, o que seria? Quando terminei a faculdade, me senti nesse momento. Desde então, concluí que enviar currículos e ler os classificados não contam como legítimos desafios de trabalho. Certamente, há que haver algum tipo de mel envolvido.
Tradução: Deborah Weinberg

Nenhum comentário: