Desemprego entre os jovens justifica problemas no Reino Unido
Brian Groom e Kiran Stacey - Financial Times
Músicos britânicos participam de protesto contra o desemprego de jovens no Reino Unido em frente a um centro de emprego no centro de Londres, em 10 de outubro
O desemprego entre os jovens no Reino Unido é um problema que, apesar de não tão severo quanto a taxa básica implica, abrange algumas dificuldades intratáveis.
O número de 1,02 milhão é um recorde, mas dados comparáveis remontam apenas até 1992. Foi pior nos anos 80 e mais de um quarto é de estudantes à procura de emprego de meio expediente.
Se eles forem excluídos, os jovens de 16 a 24 anos apresentam uma probabilidade 2,5 vezes maior de estarem desempregados do que pessoas mais velhas. Mas mesmo nos bons tempos, o desemprego entre os jovens é normalmente duas vezes maior do que o desemprego agregado, porque os jovens entram e saem mais frequentemente dos empregos.
O desemprego entre os jovens aumenta rapidamente nas recessões porque há menos empregos de entrada e os empregadores demitem primeiro os trabalhadores inexperientes –apesar disso cair de modo relativamente rápido em uma recuperação.
Mas o desemprego entre os jovens está crescendo desde 2004, o que sugere um problema mais profundo.
"O desemprego estrutural entre os jovens está provavelmente próximo da taxa de 9% a 10% observada antes da recessão e é provável que persista mesmo quando a demanda por mão de obra vier a melhorar", disse John Philpott, do Chartered Institute of Personnel and Development.
Estudos sugerem que aqueles que sofrem com desemprego na juventude podem ficar “marcados” por toda a carreira, ganhando salários mais baixos do que receberiam caso contrário e progridem mais lentamente. Os motivos por que o desemprego entre os jovens começou a crescer não são totalmente claros. Alguns culpam a imigração, apesar de estudos sugerirem que a mão de obra imigrante não tira empregos dos jovens britânicos em um grau significativo.
Outros culpam o salário mínimo. A Comissão para os Salários Baixos recomendou aumentos menores para os jovens do que para os adultos neste ano, porque disse haver evidência de que o nível mínimo estava afetando as perspectivas de emprego. Mas os estudos acadêmicos em geral apontaram pouco impacto do salário mínimo sobre os empregos.
Empregadores e ministros enfatizam a falta de capacitação e preparação para o trabalho entre aqueles que abandonam a escola, somada ao aumento da demanda por mão de obra altamente capacitada, apesar de não estar claro que isso piorou desde 2004. O desemprego entre os jovens caiu durante os anos 90 e início dos anos 2000, apesar do aumento da demanda por trabalhadores capacitados já estar ocorrendo na época.
A coalizão de governo, ao eliminar o fundo de futuros empregos dos trabalhistas e os "empregos garantidos" para todos com menos de 25 anos após seis meses no seguro-desemprego, está depositando suas esperanças em seu Programa de Trabalho, lançado recentemente para pagar a empresas privadas para arrumarem empregos para desempregados há muito tempo. Ele inclui reformas para encorajar as pessoas a não permanecerem nos programas de benefícios.
Os acadêmicos dizem que os ministros podem estar ignorando a verdadeira causa do desemprego entre os jovens, ao se concentrarem na educação e no treinamento, em vez do sistema de benefícios.
John Van Reenan, um professor da London School of Economics, sugeriu que começou em 2004 em grande parte porque os centros de emprego mudaram seu foco dos jovens para as mães solteiras e para os inválidos. Ele não encontrou nenhuma mudança óbvia na capacitação dos jovens naquela época que reverteria uma queda a longo prazo no desemprego entre os jovens.
"É possível que o governo tenha tirado seus olhos da bola ao se concentrar na educação e não o suficiente na forma como os benefícios são administrados", disse o professor Van Reenan.
Ele disse que os ministros presumiram em 2004 que a queda sustentada na taxa de desemprego entre os jovens era permanente e assim dedicaram menos recursos para assegurar que aqueles com menos de 25 anos tivessem acesso a um orientador de carreiras em um centro de empregos.
Tradução: George El Khouri Andolfato
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