segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ESPANHA: CONSERVADORES GANHAM COM MAIORIA ABSOLUTA

Crise dá vitória aos conservadores na eleição da Espanha
Partido do futuro primeiro-ministro Mariano Rajoy obtém sua maior bancada desde a redemocratização, em 1977
Ao sair da seção em que votou, Zapatero, o atual premiê, ouviu gritos de traidor e sem-vergonha e alguns aplausos

VAGUINALDO MARINHEIRO - FSP
Os espanhóis resolveram punir o governo dos socialistas e deram ao conservador PP (Partido Popular) a maioria absoluta para administrar o país em meio a sua pior crise econômica.
Mariano Rajoy, um advogado de 56 anos, será o novo primeiro-ministro.
Seu partido terá 186 dos 350 membros do Congresso dos Deputados, 32 a mais que do que tem hoje.
Será a maior bancada do PP desde a redemocratização do país, em 1977.
Em discurso, Rajoy pediu união para enfrentar a "mais delicada conjuntura em 30 anos", disse que não haverá milagres e que são necessárias medidas urgentes para que a Espanha deixe de ser um problema para a Europa.
A derrota do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) foi avassaladora.
Perdeu 59 cadeiras e terá 110 deputados, menor bancada de sua história.
O partido já tinha sido derrotado nas eleições regionais de maio, quando o PP ganhou em 11 das 13 comunidades autônomas (espécie de Estados) em que houve voto e na maioria das prefeituras. Agora, tiveram menos votos em praticamente todo o país, até na Andaluzia, onde nunca haviam perdido.
As apurações também indicam debacle do partido no Senado.
O grande derrotado é José Luis Rodríguez Zapatero, primeiro-ministro desde 2004.
Ontem, ao sair da seção eleitoral em que votou, ouviu gritos de "traidor" e "sem-vergonha". Uns poucos o aplaudiram.
Durante seu governo, a economia degringolou, afetada por excessos de gastos e pela crise financeira mundial que estourou em 2008.
O desemprego atinge 22,6% (maior taxa da Europa). A dívida pública duplicou e o país está à beira de uma nova recessão.
No ano passado, Zapatero adotou medidas de austeridade (corte de salários e benefícios e aumento de impostos), o que arruinou de vez sua popularidade.
"As pessoas se desencantaram e se enfureceram com um partido que começou com uma política de melhora no Estado de bem-estar social e acabou cortando benefícios e o dinheiro para a educação", disse à Folha a professora de ciência política Paloma Román Maruján.
Alfredo Rubalcaba, candidato socialista, reconheceu a derrota e diz que agora irá liderar a oposição para garantir a manutenção dos "serviços públicos universais e os direitos individuais" conquistados nos últimos anos.
Muitos dos descontentes com o PSOE migraram para a Esquerda Unida, cuja bancada deve crescer de 2 para 11 deputados.
Antes da Espanha, partidos socialistas já haviam perdido o poder neste ano em Portugal e na Grécia. Culpa da crise econômica.

ELEIÇÃO SEM ETA
Essa foi a primeira eleição espanhola, desde a redemocratização, em 1977, sem as ameaças do grupo terrorista basco ETA, que renunciou ao uso de armas.
O Amaiur, visto como o braço político do ETA, estreará no Parlamento com sete deputados.

Nenhum comentário: