quarta-feira, 16 de novembro de 2011

HPV

HPV pode aumentar riscos de câncer de cabeça e pescoço

Geralmente, o HPV está relacionado com o câncer cervical e verrugas genitais

Aretha Yarak - VEJA
O papiloma vírus humano (HPV) pode ter uma relação direta com os cânceres de cabeça e pescoço. De acordo com dados apresentados nesta segunda-feira, durante o VIII Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que acontece em São Paulo, o vírus pode ser o causador não só do câncer cervical, mas também de tumores que crescem nas regiões do pescoço e da cabeça.

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HPV
O HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum, e tem mais de 40 subtipos, alguns dos quais podem causar câncer cervical e verrugas genitais. Normalmente, porém, o HPV não causa sintomas. Pelo menos 50% dos homens e mulheres sexualmente ativos contrairão HPV em algum momento de suas vidas. Geralmente o organismo humano consegue eliminar a infecção sozinho em dois anos, mas certos suptipos do vírus, conhecidos como cepas oncogênicas, podem evoluir para o câncer e precisam ser acompanhados de perto.


Segundo uma pesquisa conduzida por Paul Brennan, coordenador do Grupo de Epidemiologia Genética da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC, sigla em inglês), da Organização Mundial da Saúde, 20% das pessoas estudadas que tinham câncer de cabeça e pescoço eram também portadoras de anticorpos para o vírus do HPV. "Outro ponto interessante é que a resposta ao vírus acontece muitos anos antes. A sorologia mostrou resultados similares nos anticorpos 10, cinco e dois anos antes da doença se desenvolver", diz Brennan. Em outras palavras, isso quer dizer que um possível catalisador para o desenvolvimento do câncer já estava instalado no corpo do paciente anos antes dele adoecer.
Vacina — Para o especialista, a descoberta pode ser um alerta para a necessidade de melhores políticas de prevenção. "A vacinação contra o HPV pode ser uma importante aliada contra esses tipos de cânceres", diz. Isso porque ao evitar que o vírus infecte a pessoa (homem ou mulher), a vacina ajudaria também a reduzir o número de casos de cânceres cervicais, de pescoço e de cabeça.
Os resultados apontam ainda que a relação mais importante diz respeito ao câncer de orofaringe. Apesar desse tipo de câncer ter ainda uma incidência baixa — no Brasil, corresponde a 4% do total de casos da doença —, levantamentos feitos no país apontam que tanto o câncer em si, como sua relação com o vírus HPV têm aumentado. "Em cerca de 10 anos, a relação com o anticorpo passou de 4% para 9%", diz Brennan. Os demais cânceres, como o oral e o de laringe, aparentam ter uma influência mais baixa do HPV.
Tratamento — Portadores do vírus HPV, no entanto, apresentam uma melhor resposta ao tratamento do câncer de cabeça e pescoço, segundo uma pesquisa que acaba de ser finalizada por Rossana M. Lopez, doutoranda da Faculdade de Saúde Pública da USP. "Isso é visto no aumento da sobrevida média desses pacientes", diz. Entre os pacientes que possuíam anticorpos ao HPV, a sobrevida após cinco anos do diagnóstico foi de 66%, frente a uma sobrevida de 33% entre os que eram negativos. O porquê disso acontecer ainda não foi determinado.

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