quarta-feira, 16 de novembro de 2011

JUVENTUDE DOS EUA ESTÁ PERDENDO O ENCANTOU PELO "MALACK" OBAMA

Nos EUA, estudantes universitários perdem entusiasmo para lutar novamente por Obama


O presidente dos EUA, Barack Obama, durante viagem pelos Estados de Minnesota, Iowa e Illinois

ADAM NAGOURNEY - NYT
Durante grande parte da eleição presidencial de 2008, a vida de Emma Guerrero girou inteiramente em torno da campanha de Barack Obama. Ela era uma dentre as dezenas de voluntários que iam todas as noites para o comitê de campanha de Obama, aqui em Las Vegas, utilizando um tempo que seria reservado aos seus estudos na Universidade de Nevada para participarem daquilo que ela ainda se recorda que foi o período mais empolgante da sua vida.
Foi em grande parte devido a Guerrero – e centenas de outros estudantes universitários como ela em todo o país – que Obama montou uma máquina eleitoral formidável que o ajudou a seguir rumo a vitória em 2008, um triunfo que incluiu uma vitória democrata em Nevada pela primeira vez em 12 anos.
“Nós fizemos de tudo”, conta ela. “Organizamos campanha de porta em porta. Telefonemas. Limpeza de escritórios. Levamos as roupas dos nossos chefes para a lavanderia. Tudo o que eles precisassem. Aquele foi um período incrível porque nós todos acreditávamos em Obama e desejávamos que ele fosse eleito”.
Guerrero diz que não responsabiliza Obama pelo índice de desemprego de 13,4% que assola este Estado, e que ainda é provável que ela vote nele. Mas, quando pensa na sua formatura, em junho do ano que vem, e na procura por emprego que terá pela frente, o que Guerrero sente é medo, e ele não se imagina dispondo novamente do tempo ou da animação para trabalhar novamente para Obama.
“Eu não creio que poderia fazer aquilo de novo”, diz ela. “Aquela campanha foi uma experiência fantástica. Mas eu acho que não me encontro mais naquele mesmo estado de espírito. Ele não se preocupou de fato com os problemas enfrentados pelos jovens, e nós o ajudamos a se eleger”.
Em todo o Estado de Nevada – e em outros Estados nos quais os jovens eleitores foram o combustível que alimentou a organização da campanha de Obama, garantindo dois votos em Obama para cada voto em John McCain –, o motor entusiasmado da campanha de 2008 se chocou contra a realidade do mercado de trabalho fechado para os profissionais recém-saídos da universidade.
Entrevistas realizadas em Nevada e no resto do país indicam que a maioria dos estudantes universitários que apoiaram Obama em 2008 ainda está inclinada a votar nele. Mas o verdadeiro exército jovem da campanha eleitoral que Obama tinha em 2008 dificilmente retornará às trincheiras, o que poderá privar Obama daquele que foi um fator importante para a sua vitória.
Embora reconheçam que houve uma mudança, os assessores de Obama dizem ter certeza de que a perda desses cabos eleitorais será compensada pela chegada de novos estudantes que atingiram a idade de votar depois de 2008. O assessor de campanha de Obama, Jim Messina, disse que oito milhões de eleitores de 18 a 21 anos de idade se registraram para votar desde a última eleição, sendo que a maioria deles é democrata.
“Os irmãos e irmãs desses eleitores começaram o trabalho, e agora eles o concluirão”, disse Messina na segunda-feira (15/11). “Eles estão chegando aos bandos no nosso comitê. O nosso número de voluntários para a campanha é bem maior do que imaginávamos”.
No entanto, mesmo os indivíduos que apoiam Obama dizem que é improvável que o presidente – tendo em vista as dificuldades destes últimos três anos e o estado de espírito dos eleitores de todas as idades – seja de novo capaz de resgatar aquela energia jovem que transformou-se em uma marca registrada da sua campanha.
Na última eleição presidencial, Sandra Allen organizou na casa dela uma reunião de um grupo de colegas da Universidade Brown para telefonar para eleitores da Carolina do Norte e de Indiana no dia da eleição, uma prática comum da campanha de Obama. Para horror dos republicanos, Obama ganhou naqueles dois Estados.
Questionada se faria um trabalho similar para Obama desta vez, Allen responde: “Desta vez não. E eu não vou marchar pelo gramado de nenhum campus universitário com centenas de pessoas entusiasmadas para comemorar caso ele se reeleja no ano que vem”.
Allen formou-se no ano passado e, após passar muito tempo tentando encontrar um emprego, decidiu refugiar-se em um curso de pós-graduação e esperar que a crise passe.
“Eu não estou nada optimista”, confessa ela.
Jason Tieg, 22, aluno da Universidade Brigham Young, no Estado de Idaho, votou em Obama com grande entusiasmo em 2008. Mas agora, quando luta para encontrar um emprego de meio expediente para ajudá-lo a pagar as despesas com a universidade, ele não sabe se votaria em Obama de novo.
“Em julho eu consegui um emprego de guarda no campus. Mas perdi o emprego quando a universidade foi obrigada a cortar as despesas”, explica Young. “Não sei como vou me sustentar no ano que vem”.
É difícil encontrar um Estado norte-americano que ilustre mais claramente do que Nevada a queda do entusiasmo do eleitorado jovem por Obama. Poucas regiões dos Estados Unidos foram atingidas mais intensamente pela recessão, com o índice de desemprego teimosamente estacionado em um valor de dois dígitos, uma onda interminável de confiscos de imóveis por falta de pagamento de hipotecas e uma quantidade enorme de pessoas que não têm onde morar. E em poucos Estados o eleitorado jovem é tão crucial para a vitória de Obama.
Mark Triola, que foi presidente do grupo Juventude Democrata de Nevada em 2008, diz que naquela época, a organização democrata da Universidade de Nevada em Las Vegas era quase três vezes maior do que a organização republicana congênere. Mas, no ano passado, as duas tinham já o mesmo tamanho, segundo uma tendência que os estudantes afirmam que não se alterou neste ano (Triola formou-se no segundo trimestre deste ano e conseguiu um emprego no setor de comunicação - “não era exatamente o que eu estava procurando, mas eu não posso reclamar, levando em consideração a crise”, diz ele).
Jolie Glaser, que apoiou Obama com grande entusiasmo em 2008 quando cursava a universidade aqui em Las Vegas, faz trabalho voluntário para uma organização filantrópica que possibilita que pessoas pobres joguem golfe, enquanto procura um emprego remunerado no setor de organizações não governamentais. O entusiasmo dela pelo presidente acabou.
“É difícil ser uma seguidora entusiasmada dele”, explica ela. “É mais fácil agora apoiá-lo friamente”.
Em 2008, Sarah Farr, 20, uma aluna de comunicação social, usou a sua energia ilimitada para ajudar Obama. Mas agora, quando a formatura em 2013 se aproxima, Sarah diz que a última coisa que ela e os seus amigos cogitam é trabalhar para Obama.
“Eu não tenho o mesmo entusiasmo que tive na última eleição”, explica Sarah. “Todos estão focados em si próprios e tentando se formar na universidade”.
“Eu temo que o curso no qual vou me formar não me ajude muito no futuro”, diz ela. “Isso me apavora. Estou assustada com a época em que estou me formando. Não haverá empregos. Isso me deixa muito nervosa”.
E mesmo aqueles que continuam apoiando fortemente Obama aqui em Nevada dizem que ele tem pouca chance de ganhar neste Estado.
“Eu não creio que ele ganhará aqui”, opina Maureen Gregory, 23, que é nativa de Las Vegas e que deu uma entrevista em uma lanchonete Madhouse Coffee cheia de broches, camisetas e pôsteres da campanha. “A população de Nevada está furiosa. Eu acho que em 2012 Nevada voltará a ser um Estado republicano”.
Em 2008, Gregory saia furtivamente da escola todos os dias para trabalhar em um comitê de campanha de Obama.
“Às vezes eu só saía de lá depois da meia-noite”, conta ela. Gregory também diz que não dedicará mais tanto tempo a Obama na próxima campanha, ainda que o admire.
“Eu não achei que o governo dele fosse ser tão ruim assim”, explica ela. “Eu estou procurando algo para fazer. Até mesmo um emprego de meio expediente. Eu não tinha dúvida alguma de que Obama faria muito mais do que está fazendo”.
Tradução: UOL

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