quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O CÔNSUL HONORÁRIO DO CONGO E O NARCOTRÁFICO

Polícia Federal investiga cônsul honorário do Congo

Ele mentiu ao dizer não conhecer advogado que se passou por representante do país africano para defender Nem

Gustavo Goulart - O Globo
RIO - Ainda há um clima de mistério na história envolvendo o falso cônsul honorário da República Democrática do Congo que dava cobertura à fuga do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe da venda de drogas na Rocinha, preso no porta-malas de um Corolla há 15 dias. Em janeiro deste ano, a Polícia Federal no Amapá instaurou inquérito para investigar o verdadeiro cônsul, o carioca Amaro Pinheiro Neto, por uso de documento falso, falsificação de documento público e falsa identidade.
O inquérito apura a legitimidade de um documento que ele apresentou. No site do "Fantástico", da TV Globo, o Itamaraty já afirmou que o governo da República Democrática do Congo confirmou que Amaro é de fato cônsul honorário. Após o mal-estar criado pela presença de um falso cônsul no mesmo carro do traficante, o verdadeiro perderá o título, segundo informou o Itamaraty ao site do "Fantástico".
— Não tenho qualquer conhecimento da investigação da Polícia Federal sobre mim. Não fui notificado de nada — garantiu o cônsul honorário ao GLOBO.
Falso cônsul advogou para o verdadeiro
Amaro, que é cônsul honorário da República Democrática do Congo no Amapá, mentiu à TV Globo ao dizer que não conhecia o advogado André Luís Soares Cruz, que se apresentou como cônsul honorário para impedir a prisão de Nem, na noite do dia 9. O verdadeiro cônsul e o falso não só se conhecem como já viajaram juntos para o Congo. Amaro afirmou que a viagem se deu porque o país estava à procura de representante no Brasil. André Soares não conseguiu a representação. Ele, inclusive, já foi advogado de Amaro numa ação por danos morais movida no Juizado Especial de Jacarepaguá, segundo o site do Tribunal de Justiça do Rio. Ele tinha uma dívida com a escola de seu filho, que foi resolvida numa audiência de conciliação.
O verdadeiro cônsul alegou ao GLOBO que mentiu para preservar sua integridade moral, a de sua família e a do país, já que André Soares foi autuado pela PF por favorecimento pessoal (ajudar um foragido da Justiça).
O falso cônsul aparece como réu em dois processos na Justiça do Rio: um por estupro e outro por furto.
Amaro se diz bastante decepcionado com André Soares. Ele revelou que, a ele, o advogado se dizia cônsul honorário do Sri Lanka:
— Lamento o dia em que o conheci. Estou muito decepcionado e abalado por ter, mais uma vez, me enganado com um ser humano. Ele (o advogado) deve ter alguma problema psicológico sério. Ele sempre foi uma pessoa muito vaidosa. A mim se apresentava como cônsul do Sri Lanka (país localizado ao sul da Índia). Mas nunca mostrou documentos.
Ele revelou ter visto o passaporte diplomático de André Soares quando esteve na Polícia Federal para prestar esclarecimentos.
— É um documento grosseiramente falsificado — disse.
O cônsul contou que foi apresentado ao advogado durante uma festa em 2007. Antes, costumava vê-lo em Santa Teresa, pois moravam na mesma rua, mas nunca haviam se falado, segundo Amaro.
Além do caso do falso cônsul, outro mistério cerca a prisão de Nem. A Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) investiga a tentativa de policiais da 82 DP (Maricá) e da Subchefia Operacional da corporação de intervir no episódio. O delegado Roberto Gomes e os inspetores Mussi e Figueiredo já depuseram, afirmando que negociavam há dez dias a rendição do bandido, que estava com medo de sofrer retaliações. A negociação, segundo eles, estava sendo acompanhada pelo subchefe operacional, Fernando Veloso.
Do Blog:
Você não tem a impressão de que todos são envolvidos no tráfico?  E nós estamos sendo feitos de bobos?

Nenhum comentário: