terça-feira, 29 de novembro de 2011

SOUZA AGUIAR E O DESCASO COM A SAÚDE DA POPULAÇÃO DO RIO DE JANEIRO

Diretor do Hospital Souza Aguiar deixa cargo após denúncia
Pane em aparelho de oxigênio teria causado morte
O Globo
RIO - Quatro dias após a denúncia de que um problema no sistema de abastecimento de oxigênio do Hospital Souza municipal Aguiar teria ocasionado a morte de um paciente, o diretor da unidade, Josué Kardec, deixa o cargo. A Secretaria municipal de Saúde, por meio de nota, anunciou a saída, mas não tratou o fato como uma exoneração.
Kardec, de acordo com a nota, "foi convidado pelo subsecretário de Atenção Hospitalar a contribuir com seu trabalho de gestão no Nível Central da Secretaria de Saúde e Defesa Civil." O texto informa ainda que o convite já teria sido feito "há cerca de 15 dias e representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido por Kardec nos últimos quatro anos à frente de um dos maiores hospitais do país." Ele passará a trabalhar na sede da própria secretaria, mas continua na direção do hospital até conclusão da transição.
Defeito no equipamento teria durado seis horas
O comunicado não faz qualquer referência ao episódio ocorrido na última quinta-feira, quando o sistema de abastecimento de oxigênio do hospital sofreu queda de pressão. A direção alegou que a pane teria sido causada por um problema na válvula que controla o equipamento.
O defeito, porém, segundo denúncia do presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, teria afetado pacientes que precisam de respirador, como um rapaz, de 29 anos, internado no Centro de Tratamento Intensivo. Ele teria sofrido uma diminuição drástica na quantidade de oxigênio que recebia e morreu uma hora e 20 minutos depois. Internado desde o dia 16, com traumatismos craniano e abdominal, causados por queda de um vagão de trem, o paciente estava em estado grave.
— Não somos Deus para saber se ele iria sobreviver ou não aos traumatismos, mas com certeza a falta de oxigênio levou ao óbito — disse Darze, na sexta-feira.
O problema no sistema de oxigênio teria começado por volta de meia-noite de quinta-feira e só normalizado seis horas depois, levando ao fechamento da emergência. Funcionários do setor contaram que os respiradores começaram a tocar alarme. A distribuição teria sido desigual, prejudicando mais a UTI adulta e pediátrica. Ainda, segundo funcionários, não havia qualquer esquema para emergências.
Na sexta-feira, a Secretaria municipal de Saúde emitiu nota na qual informava que "o sistema de emergência, alimentado por cilindros independentes, fora ativado imediatamente." A direção do hospital, nesse mesmo dia, afirmou desconhecer qualquer óbito ocorrido na unidade relacionado à pane.
Na nota emitida ontem, a secretaria informou que a nova direção do hospital "já foi definida e será apresentada tão logo seja concluída a transição, a ser feita sem nenhum prejuízo ao atendimento oferecido no hospital".

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