terça-feira, 22 de novembro de 2011

UM "NEW DEAL" PARA SALVAR A EUROPA

Europa precisa de um novo 'New Deal', afirma economista

Filho do célebre John Galbraith, James Galbraith defende um plano similar ao que tirou os EUA da Grande Depressão
Democracia europeia está 'acabada', avalia professor, que aponta influência de banco sobre novos governos

ELEONORA DE LUCENA - FSP
Os EUA começaram a sair da crise iniciada em 1929 com um projeto ousado de obras públicas e intervenção estatal -o "New Deal". A Europa precisa agora de um plano assim e tem todas as instituições para fazê-lo.
A sugestão é do economista americano James Kenneth Galbraith, 59, filho do célebre John Galbraith (1908-2006).
Professor da Universidade do Texas em Austin (EUA), ele defende três pontos para a Europa sair da crise: consolidar as dívidas dos países num único título, europeizar o sistema bancário e estimular o crescimento.
Para ele, a democracia "está acabada" na Europa, e é crescente a influência do banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs.
Mario Draghi, novo presidente do BCE, foi vice-presidente do Goldman Sachs para a Europa de 2002 a 2005. Mario Monti, novo chefe do governo italiano, foi seu conselheiro internacional.
E o novo premiê grego, Lucas Papademos, quando chefiou o BC do país, de 1994 a 2002, atuou em operações controvertidas que envolveram o banco, diz o jornal "Le Monde". "Dinheiro é poder", lembra Galbraith.

Folha - O euro sobreviverá?
James Galbraith - Não há saída fora do euro. Não é uma opção para a Grécia, Portugal, Espanha, Itália. Não podem ser expulsos por mau comportamento. O que vemos são os governos da Grécia e da Itália tomados por grupos de financistas.

Que dizer sobre democracia...
Está acabada. Na Grécia, há um indicado para premiê que nem é membro do Parlamento. Na Itália, Mario Monti foi indicado senador vitalício antes de virar primeiro-ministro. Os dois foram ditados por Berlim, Bruxelas, Paris, não escolhidos pelas populações de seus países.


Escolhidos pelas finanças?
É óbvio. Temos um grupo de pessoas, todas graduadas pelo MIT e com ligações com o Goldman Sachs, incluindo o novo presidente do BCE. Dinheiro é poder. É claro que os líderes políticos estão atuando em nome de seus bancos.
Quais são as soluções técnicas para a crise?
Há um plano bem articulado de três pontos, de Stuart Holland e Yanis Varoufakis. Primeiro, é preciso consolidar as dívidas públicas de todos os países da eurozona num único título emitido pelo BCE.
Segundo: europeizar o sistema bancário. Os bancos têm de ser recapitalizados pela autoridade europeia, quebrando a ligação entre eles e governos. Terceiro: restaurar o crescimento usando o Banco Europeu de Investimento. Tudo poderia ser feito na moldura institucional existente.


Seria um novo "New Deal"?
Sim. O BEI precisa flexibilizar suas condições para deixar o dinheiro fluir. Mas os políticos estão preocupados em proteger os seus bancos nacionais e suas próprias posições. Essa conexão política é um problema.

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