segunda-feira, 14 de novembro de 2011

USP

Só os 'ideológicos' serão contra PM no campus, diz reitor da USP

Ele comentou pesquisa do Datafolha que mostrou apoio dos estudantes à presença policial
Levantamento revela 'quase um equilíbrio' entre os alunos, o que suscita debater o tema, na opinião de estudante

Daqui a alguns meses, "somente os ideológicos" continuarão contrários à presença da Polícia Militar no campus da USP, disse ontem o reitor João Grandino Rodas.
Ele comentou a pesquisa publicada ontem pela Folha segundo a qual 58% dos estudantes da USP apoiam a presença da polícia no campus. O levantamento do Datafolha ouviu 683 alunos de 28 unidades da USP.
"Não me surpreendeu o percentual de apoio. Tal apoio servirá para que os órgãos centrais da USP trabalhem para colaborar na implantação da polícia comunitária e na integração entre a PM e a Guarda Universitária (desarmada) para que aumente tanto a segurança como a sensação de segurança", disse.
Embora a maioria dos alunos (73%) tenha sido contra a invasão da reitoria, 46% criticaram a ação da PM na desocupação, no último dia 8.
Rodas avalia que a operação foi bem sucedida. Para o sucesso da empreitada sem o uso de armas, disse, foi importante que a PM tivesse "superioridade numérica" em relação aos estudantes.
"E se os alunos e os estranhos que estavam no prédio tivessem tido tempo para utilizar os coquetéis molotov e os reservatórios de gasolina?"
A força, diz, foi a medida extrema para liberar a reitoria; os alunos haviam descumprido decisão judicial.
Aluno de ciências sociais e diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Renan de Oliveira, 25, diz que a pesquisa revela "quase um equilíbrio" entre os alunos em relação à presença da PM no campus, o que suscita a necessidade de debater o tema.
"Uma parte significativa dos alunos não se sente segura com a presença da PM no campus", afirmou.


EFEITO PSICOLÓGICO


Para Ruy Braga, professor da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), o resultado reflete "campanha da mídia para convencer a comunidade" de que a PM é necessária. A parcela dos alunos mais engajada nas discussões sobre as políticas de segurança pública na universidade foi contrária à presença da polícia, diz.
A PM no campus tem efeito mais psicológico que prático, diz Braga. Para ele, a ocupação da reitoria foi um erro combatido com outro.
A PM não falou sobre a pesquisa. Limitou-se a dizer que a ação na reitoria foi planejada e que não houve exagero.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) não se manifestou.

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