sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ZONA DO AFRO? PIADA DE MAU GOSTO. NINGUÉM PRECISA DE AJUDA PARA SER POBRE.

Zona do afro? Nem mesmo pense a respeito

C. Charles Okeahalam - FINANCIAL TIMES
Em Johannesburgo, na África do Sul

Políticos da África avaliam criação de uma união monetária continental

Em "Escambo é melhor; ou notas sobre a morte de uma união monetária" (19 de novembro), Gillian Tett acertou no ponto. Como a maioria das outras uniões de parceiros desiguais, as uniões monetárias só são sustentáveis se um ou mais membros estiverem dispostos a arcar com uma parcela desproporcional dos custos. Nos tempos bons, alguns custos são desprezados ou são compensados. Nos tempos ruins, como podemos ver, isso é mais difícil de fazer.
Na África, os autores de políticas há muito consideram a criação de uma união monetária continental. Porém ainda menos do que na Europa, nos 53 países da África o nível baixo de integração regional, espacial e comercial não fornece um núcleo continental óbvio. Portanto, a abordagem tem sido o desenvolvimento das uniões regionais existentes, notadamente a Área Monetária Comum no sul da África e a CFA do oeste e centro francófonos da África. Mas isso coloca o carro antes dos bois. Eu acho que a lição chave é que questões econômicas reais e seu impacto sobre vários mecanismos de transmissão devem ser cuidadosamente considerados antes do estabelecimento de uniões.
Um passo importante é encontrar modos de disseminar o investimento fixo de longo prazo, o estoque de capital e a infraestrutura de modo uniforme por todos os países a serem incluídos em uma união. Apesar disso não garantir, é claro, níveis homogêneos de competitividade, a harmonização das vantagens comparativas de certo modo pode ajudar a reduzir os grandes desequilíbrios fiscais e de conta corrente que, caso contrário, surgiriam. Se isso soa um pouco como um planejamento central, bem, é disso que tratam uniões monetárias.
Como podemos ver com a zona do euro, a transição para uma união continental seria árdua. Mesmo se a política for bem administrada, os benefícios provavelmente seriam efêmeros e os custos contingentes seriam reais. Uma política ruim apenas complicaria a aritmética. Diante da experiência do euro, vamos deixar que um afro seja apenas uma referência àquele maravilhoso corte de cabelo dos anos 60 e 70 –que, por sinal, a passagem do tempo não mais me permite ter.
Tradução: George El Khouri Andolfato

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