sábado, 28 de junho de 2014

 
Via sen

DANIEL PIZA

Sabe quando te dá uma saudade de ler uma determinada coluna que não existe mais?
Você se lembra de uma coluna chamada SINOPSE?
Pois é.
Me bateu uma saudade dos textos, bem escritos, do Daniel Piza.
Comprei o livro "CONTEMPORÂNEO DE MIM" para mitigar essa ausência.
Mas ainda assim, quando fecho o livro, fica uma saudade dele dizer o que o Brasil ia fazer ou deixar de fazer nessa copa.
O que  será que ele diria do jogo de hoje?

Amanhã vou caçar.
Esse bicho virou uma praga e está destruindo a plantação de milho.
Vou levar a minha Puma .44, o minha Colt e a minha Extrema Ratio.
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Via chcbb

BLOODSHOT DAWN - VISION



Via chllppr

Há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar
ninguém ver-te.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu despejo whisky para cima dele
e inalo fumo de cigarros
e as putas e os empregados de bar
e os funcionários da mercearia
nunca saberão
que ele se encontra
lá dentro.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica escondido,
queres arruinar-me?
queres foder-me o
meu trabalho?
queres arruinar
as minhas vendas de livros
na Europa?
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado esperto,
só o deixo sair à noite
por vezes
quando todos estão a dormir.
digo-lhe, eu sei que estás aí,
por isso
não estejas triste.
depois,
coloco-o de volta,
mas ele canta um pouco lá dentro,
não o deixei morrer de todo
e dormimos juntos
assim
com o nosso
pacto secreto
e é bom o suficiente
para fazer um homem chorar,
mas eu não choro,
e tu?
Charles Bukowski
bluepassions:

Jose C. Lobato
O amor é a compensação da morte;
seu correlato é essencial.
Schopenhauer

ESSE FEZ A FESTA DOS PRESIDIÁRIOS

O black bloc de saias
Rafael Lusvarghi, um dos vândalos presos pela polícia em São Paulo, é fã de vikings e tem no rosto uma falsa cicatriz feita por tatuador
Mariana Barros - VEJA
Rafael Lusvarghi, de kilt: acusado de associação criminosa 
Na última segunda (23), Rafael Marques Lusvarghi, 29 anos, foi preso pela polícia após participar de uma manifestação em São Paulo. Ele e o estudante Fabio Hideki Harano, 26 anos, foram acusados de associação criminosa e levados pelos policiais que acompanhavam o protesto. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, apresentou a dupla à imprensa como "os primeiros black blocs presos" em flagrante na capital.
Quando foi detido, Lusvarghi usava uma saia kilt e tinha o que parecia ser uma cicatriz do lado esquerdo do rosto. Só parecia: o falso machucado foi feito no último dia 17, enquanto o Brasil jogava contra o México, em um estúdio de tatuagem em Jundiaí, na Grande São Paulo. A técnica é chamada de escarificação e consiste em criar na pele um corte milimetricamente desenhado na base do bisturi. Para fazê-lo, Lusvarghi inspirou-se nos games: ele é fã do jogo God of War e queria uma marca no rosto igual à do personagem Kratos, o fortão espartano que protagoniza a saga. Aos amigos, contou que nas diversas brigas que arranjou nunca conseguiu um machucado que marcasse seu rosto - apenas sinais no pulso e num dos dedos. 
Aficionado pela história russa e pela cultura militar, Lusvarghi coleciona álbuns com retratos dos líderes da Revolução Russa e do período comunista. Fotos de exércitos, tanques e armas também estão no seu acervo. Obcecado por vikings, tem tatuada no braço a palavra Berserk, nome de um mangá, posteriormente transformado em anime, inspirado nos guerreiros da mitologia nórdica.
Lusvarghi nasceu em Jundiaí, numa família de classe média. A mãe é professora formada em Biologia e o pai, de quem ela é separada, gerencia uma pequena empresa em Minas. É o mais velho de quatro irmãos. Um deles conta que, desde pequeno, Lusvarghi sonhava alistar-se na Legião Estrangeira da França. Aos 18 anos, comprou uma passagem para aquele país, onde morou por três anos - como integrante da tropa, segundo disse a familiares. Quando regressou ao Brasil, prestou concurso para soldado da Polícia Militar em São Paulo e ficou na corporação entre março de 2006 e julho de 2007. O motivo de sua saída é desconhecido, mas em agosto ele já prestava um novo concurso, desta vez para ser PM no Pará. Aprovado, permaneceu na corporação até 2009 e, mais uma vez, saiu antes de concluir o curso de oficial.
Partiu, então, para a Rússia. Em 2010, mudou-se para Kursk, cidade onde ocorreu uma das mais importantes batalhas da Segunda Guerra Mundial. O que fez lá ninguém sabe. Segundo parentes, teria estudado administração e tentado alistar-se no exército russo. Como não conseguiu, regressou ao Brasil.
Logo depois de chegar, em janeiro deste ano, iniciou uma viagem de um mês e meio entre Colômbia e Venezuela. Disse ao irmão ter "feito contato" com as Farc neste período - e não gostou da experiência. Na volta, instalou-se em Indaiatuba, no interior paulista, onde começou a trabalhar como professor de inglês e técnico de informática. 
Além do fortão do videogame de quem copiou a cicatriz no rosto, Lusvarghi se diz admirador do presidente russo Vladimir Putin. Antes de ser detido nesta semana, ele fazia planos de ir para a Ucrânia "lutar pelas forças separatistas". O que o kilt tem a ver com tudo isso segue sendo um mistério.

Feliz, feliz, feliz...
Crise argentina é obra bem construída
O risco da segunda moratória em 13 anos é parte da história da demolição de um país que, na primeira metade do século XX, tinha alto desenvolvimento
O Globo
O fim de semana deverá ser de intensas negociações entre Buenos Aires e Nova York, depois que o juiz americano Thomas Griesa considerou, ontem, ilegal a tentativa da Argentina de antecipar o pagamento a outros credores, sem cumprir a determinação da Suprema Corte dos Estados Unidos de resgatar pelo valor integral o crédito de fundos especulativos, chamados de “abutres”. Griesa, autor do veredicto contra a Argentina confirmado na última instância na Justiça americana, deseja empenho das partes para se chegar a um acordo. Por isso, barrou a manobra argentina.
Mas o tempo é curto, porque vence segunda-feira o prazo para o pagamento vetado por Griesa. Se a Argentina não puder fazê-lo, o país entra em virtual moratória, a ser confirmada 30 dias depois. Será, em 13 anos, o segundo calote argentino, algo poucas vezes visto na história de um país.
Há um corredor estreito pelo qual a Argentina precisa passar — e talvez ele não tenha saída. Mesmo que não houvesse a sustação do pagamento, os fundos, com base na decisão da Suprema Corte, podem pedir o arresto desse dinheiro. Logo, não há mesmo outra saída a não ser a negociação com os “abutres”.
Mas ceder e compor não é da natureza do kirchnerismo. O governo de Cristina K., mesmo nessas circunstâncias desfavoráveis, não contraria a natureza agressiva do nacional-populismo peronista. Já houve passeatas em Buenos Aires na região da embaixada americana, há pichações do tipo “pátria ou abutres”, cria-se a ideia de que a nação sofre ameaças de um inimigo externo. O truque é recorrente na história argentina. Foi assim nas Malvinas, quando a ditadura militar tentou safar-se embrulhada na bandeira nacional. Não deu certo. Pirotecnias têm sido executadas para evitar o incontornável: a sentença da Suprema Corte, a ser cumprida, como em qualquer país sério. Ou as partes que entrem em acordo para contorná-la.
Cristina despachou o jovem ministro da Economia, Axel Kicillof, para Nova York. Por enquanto, em vão. Afinal, ele foi à ONU e participou de uma pajelança multilateral contra os fundos, com auxílio da diplomacia brasileira, aliada da Casa Rosada. Perda de tempo, da Casa Rosada e do Itamaraty.
Os reais inimigos da Argentina são internos — sabe-se há décadas. Assim não fosse, o país não percorreria uma trajetória inédita: de uma economia com indicadores de país desenvolvido na primeira metade do século passado, passou a ser um pária no mundo.
Esta crise é fruto de mais uma tentativa argentina de praticar heterodoxias sem cuidados mínimos com equilíbrio fiscal, juros e câmbio. E foi por copiar algumas dessas heterodoxias que o governo Dilma padece de uma conjuntura econômica madrasta para quem se candidata à reeleição. O alerta de mais uma debacle da Argentina serve para todo o continente.
O fracasso venezuelano é culpa do rentismo capitalista, afirma economista do BNDES
Rodrigo Constantino - VEJA

“Como o povo é otário!!!!” hahahaha
A capacidade de inverter a realidade é a marca registrada da nossa esquerda, que jamais assume a responsabilidade pelos constantes fracassos de suas medidas. A Venezuela chavista, nunca é demais lembrar, recebeu o elogio de inúmeros membros dessa esquerda. Agora, diante do retumbante fracasso de seu modelo, eis que a mesma turma culpa… o capitalismo!
Parece piada, mas foi isso que fez Marcelo Miterhof, economista do BNDES, em sua coluna de hoje na Folha. Analisando um livro organizado por um professor da UFRJ, Miterhof conclui que a maldição da Venezuela é seu petróleo, que teria causado a famosa “doença holandesa”, desindustrializando o país e gerando o rentismo do capital.
Para piorar o quadro, diz o autor, houve a abertura financeira dos anos 1970, levando o país a acumular dívida externa elevada sem necessidade. Ou seja, exportar petróleo para os americanos foi ruim para o país, assim como atrair investidores dispostos a financiar seus gastos públicos. Culpa dos consumidores! Responsabilizar os governos perdulários nem pensar…
O texto analisado por Miterhof não entra na era Chávez, “em razão de alto grau de ideologização que o cerca” (???). Ainda assim, diz o economista do BNDES, “é possível notar que Hugo Chávez trouxe mudanças na forma como a renda do petróleo é repartida na sociedade, favorecendo a população mais pobre, o que evidentemente é bom para o país”. Mesmo?
Pelo que podemos notar, não foi nada bom para o país, especialmente para os pobres, tal populismo elogiado pelo economista do BNDES. A inflação disparou, a miséria cresceu, e o país mergulhou em uma crise econômica e social sem precedentes. Mas Miterhof tem mais elogios a Chávez: “Também houve nova tentativa de induzir a industrialização”. Sério?
Para os nacional-desenvolvimentistas, cabe ao estado “induzir” tudo, escolher “campeões nacionais”, agir feito a locomotiva do progresso. É justamente o que o BNDES sob Luciano Coutinho vem tentando fazer no Brasil, sem sucesso. Miterhof acha que Chávez acertou ao tentar fazer isso na Venezuela. A esquerda insiste nos mesmos erros com uma obsessão doentia. Mas se tudo deu errado – como até Miterhof tem que assumir – então não foi culpa de seu modelo, mas… do capitalismo!
“Entretanto, não houve rompimento com o caráter de longo prazo da política econômica”, afirma Miterhof. Chávez não mudou a política econômica venezuelana??? Pelo visto, não. E temos aí, finalmente, o grande culpado: “As dificuldades do desenvolvimento da Venezuela são duradouras. O rentismo não é uma condenação, mas não é fácil de se desamarrar dele. Por isso, me compadeço”.
Esqueçam o populismo, os gastos públicos fora de controle, toda a demagogia por meio da PDVSA, o intervencionismo estatal na economia, a insegurança jurídica, as quebras de contrato, a inflação estimulada pelo governo, a retórica anticapitalista e os ataques aos investidores. Nada disso tem a ver com a crise venezuelana. Esta se deve ao modelo antigo, capitalista e rentista. Chávez está protegido das críticas. Bolas, ele até tentou romper esse ciclo perverso e vicioso do capital…

NEM HOMEM NEM MULHER: DOMINADO, TÁ TUDO DOMINADO! CREDO! E CRIAR UM FILHO NESSA PUTARIA? NEM PENSAR!"

Relativismo moral: jornalista do Yahoo! faz proselitismo ideológico com identidade de gênero
Rodrigo Constantino - VEJA

Atenção! Esse texto requer o consumo de ao menos duas cápsulas de Engov e mais duas de Plasil. E retirem as crianças do recinto! A jornalista Carol Patrocínio, em blog voltado para o público feminino, publicou as “obras de arte” de um fotógrafo que resolveu brincar com os corpos humanos, misturando homem e mulher.
Até aí dá para engolir – ou não. Mas em vez de ela se limitar a comentar a coisa pelo ponto de vista estético (e tem que ser muito perturbado para achar bonito o resultado), eis que resolveu fazer um proselitismo ideológico tosco sobre a “identidade de gênero”. Essa “coisa” de homem com pênis e mulher com vagina está muito ultrapassada! Diz a moça:
Meninos têm pênis e meninas têm vagina. É assim que uma criança explica a diferença entre homens e mulheres no filme “Um Tira No Jardim de Infância”. Sinto informar, mas as coisas não são tão simples assim. Existe a identidade de gênero e todo mundo pode se identificar com tudo.
Oh, really? Então é possível se identificar com “tudo”? Que tal com uma girafa? Ou uma vaca? Identidade pressupõe justamente exclusão: nos identificamos com algo porque marcamos a diferença. Identificar-se com “tudo” é o mesmo que não se identificar com nada, algo absurdo.
Reparem ainda que, para a jornalista, é coisa de criança explicar a diferença entre homens e mulheres com base na biologia. É algo muito… simplista! Quem foi que disse que homem é aquele que tem um penduricalho na virilha e mulher uma cavidade? Que coisa mais obsoleta, antiquada, reacionária! Ela insiste:
Ainda não entendeu direito? Resumidamente, é assim:
- Pensando no sexo biológico de maneira binária, todo mundo nasce com pênis ou vagina. Isso é o sexo biológico, mais nada.
- Identidade de gênero é a forma como você se sente. Você pode ter um pênis e se sentir uma mulher. Seu sexo biológico pode ser diferente da sua identidade de gênero.
- Orientação sexual diz respeito a atração romântica e sexual. Ela não tem ligação nenhuma com seu sexo biológico ou identidade de gênero, é algo totalmente independente. Você pode nascer com vagina, identificar-se como homem e sentir-se atraído por mulheres. Ou homens. Ou por ninguém.
Respeitar o outro é aceitar que a identidade de gênero seja mais importante do que o sexo biológico, afinal, somos construções sociais e, no fim das contas, importa mais como você se relaciona com o mundo ou o que tem entre as pernas?
Somos “construções sociais” uma ova! Fale por si só! Essa gente não tem limite na defesa do absurdo. O relativismo é total. Vale tudo. Agora temos até que considerar o hermafrodita a coisa mais natural e normal do mundo? A verdadeira revolução é a cultural, e os relativistas estão vencendo, para a infelicidade geral.
Já conseguiram relativizar completamente o conceito de família, de casal, e agora a próxima vítima é o conceito de homem e de mulher. Você é macho ou fêmea? “Depende. Tenho corpo de macho, mas é que hoje acordei com uma vontade de ser mulher…” Então, pela ótica bizarra dos relativistas, você é mulher!
E ai de quem ousar discordar: não passa de um reacionário com a mentalidade de uma criança simplista. Socorro!
PS: Não divulguei no blog as imagens do fotógrafo pois, além de considerá-las verdadeiras aberrações, tenho consciência de que crianças podem acessar o blog, e ao contrário da jornalista do Yahoo!, não acho saudável que elas percam seus conceitos “binários” de homem e mulher.
PS2: Um leitor fez um comentário pertinente no meu Facebook. O engraçado é que essas pessoas que defendem a ‘identidade de gênero’ como uma ‘construção social’ são as mesmas que urram contra a ‘cura gay’. Ora, se a pessoa pode ter o ‘gênero’ que ela quiser, e ninguém ‘nasce gay’, por que, em tese, um homossexual não poderia renunciar à sua homossexualidade e querer ser hétero? A contradição é evidente.
A arrecadação sob impacto
Celso Ming - OESP
Tem muita gente no governo puxando os cabelos pelo decepcionante desempenho da arrecadação do governo federal. Foi o mês de maio mais fraco desde 2011, alta real (descontada a inflação) sobre o mês de abril de apenas 0,31% - veja o gráfico.
A argumentação ontem apresentada pelo secretário adjunto da Receita Federal, Luiz Fernando Teixeira Nunes, de que esse resultado medíocre se deve ao baixo desempenho do setor produtivo (avanço do PIB), é parte relevante da verdade, mas só parte.
A avaliação do resto da verdade tem de levar em conta que esse crescimento chinfrim do PIB já é consequência das opções equivocadas de política econômica nos últimos três anos e mantidas até aqui, algo que não precisa ser repisado.
Mas há outros fatores relevantes que concorrem para essa receita decepcionante não só do Tesouro, mas de todo o setor público, que inclui Estados e municípios. Um deles é o cada vez mais mencionado (por outras razões) achatamento dos preços administrados - tarifas de energia elétrica, combustíveis, transportes urbanos e outros. Eles correspondem a nada menos que um quarto dos itens da cesta de consumo. O represamento desses preços derruba a base (preço) sobre a qual são calculados os impostos. Portanto, derruba a arrecadação.
Mecanismo equivalente a esse atua sobre os preços dos produtos importados. Como o Banco Central opera, no momento, para manter mais baixas as cotações do dólar, os preços em reais dos produtos importados também ficam mais baixos e sobre esse preço mais baixo são cobrados impostos, também alguma coisa mais baixos.
E há as renúncias fiscais, as reduções de impostos para empurrar a indústria. Mais uma vez o governo federal se deixou comover pelo lobby das montadoras e deve manter reduzido o IPI dos veículos. Ou seja, menos impostos continuarão a fazer falta ao caixa do Tesouro. E olhem que há apenas três semanas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, advertia que esse setor da indústria afinal teria de aprender a caminhar com as próprias pernas (ou, mais apropriadamente, as próprias rodas). Afora o impacto sobre a arrecadação, não faz sentido beneficiar apenas a indústria de veículos e deixar de fora da distribuição de bondades outros setores que enfrentam penúria igual ou até maior.
E não dá para desconsiderar o efeito negativo sobre a arrecadação produzido pelo desânimo. Ontem, por exemplo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou o levantamento de junho sobre o nível de confiança do consumidor. E o que se viu foi o ponto mais baixo desde setembro de 2005.
Consumidor inseguro sobre o futuro do emprego e de seu salário tende a adiar as compras, a evitar compromissos financeiros (dívidas) e a assumir uma postura mais conservadora na administração do seu orçamento. E, outra vez, o impacto dessa atitude acaba se refletindo na arrecadação de impostos e na perda de capacidade do governo de cumprir suas metas fiscais.
Enfim, mais razões a indicar que a economia precisa de um choque de credibilidade.
Bacanal na Justiça 
Merval Pereira - O Globo 
A “bacanal partidária” que está em curso provocará efeitos colaterais que levarão esta eleição inevitavelmente aos tribunais. Todas as coligações heterodoxas que estão sendo feitas pelo país, e continuarão a ser anunciadas até a próxima segunda-feira, prazo fatal para as definições, embutem doses de traições partidárias que poderão ser impedidas de ter vantagem prática se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entender que as coligações nacionais têm valor mais alto do que as regionais, impedindo, como querem parcelas do PT, que partidos dissidentes usem seus tempos de propaganda eleitoral nos estados em favor dos candidatos oposicionistas.
O PMDB, por exemplo, que dá seu apoio oficial e o tempo de propaganda de rádio e televisão para a candidatura presidencial de Dilma Rousseff, está coligado nos estados a diversos partidos, apoiando ora o candidato tucano Aécio Neves ou o socialista Eduardo Campos. Nesses casos, a propaganda oficial do partido na parte dedicada à presidência da República só pode ser feita a favor da candidata petista.
Mas no tempo dedicado aos senadores e ao governador, como fica a situação do partido que abriu dissidência nos estados? Na Bahia, por exemplo, o candidato a governador da dissidência peemedebista é Paulo Souto, do DEM, com Geddel Vieira Lima, do PMDB disputando o Senado. A chapa regional apóia o candidato do PSDB à presidência. Não poderão fazer campanha para Aécio Neves em seus tempos de televisão?
Em São Paulo haveria o problema de o candidato ao Senado ser do PSD, que apóia nacionalmente Dilma, fazer campanha para o governador Geraldo Alckmin, mas não para o candidato a presidente tucano Aécio Neves. Como Kassab decidiu apoiar Skaff, do PMDB, está tudo certo, mas por acaso.
O Partido Progressista (PP), que formalmente apóia a presidente Dilma Rousseff, tem tantas dissidências regionais que foi obrigado a aprovar em sua convenção uma regra explícita de permissão a apoios regionais.
Com base no artigo 17 da Constituição Federal, que assegura aos partidos autonomia “para adotar critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal”, a Convenção Nacional decidiu autorizar a coligação nos estados “a um ou mais partidos, independentemente da composição de eventual coligação integrada pelo partido para a eleição para a presidência da República”.
Não fosse seu presidente honorário o senador Francisco Dornelles, que já anunciou seu apoio e o do PP do Rio à candidatura de Aécio Neves, o PP ainda colocou na decisão de sua convenção a permissão para que as executivas estaduais não apenas apóiem, mas também dividam o tempo de propaganda eleitoral no rádio e televisão, além de impressos e qualquer outro tipo de propaganda.
A tentativa do PT de neutralizar as dissidências internas na sua coligação impossibilitando que os partidos efetivem seus apoios através da propaganda de rádio e televisão é vista por muitos como um “golpe”, pois a intenção seria neutralizar as forças políticas que deixaram a base de apoio governista.
O senador Francisco Dornelles trata a questão com a seriedade que ela merece, mas dá a ela o tom irônico que denuncia o ridículo da situação: “Querem esconder o que é permitido”. Se a legislação eleitoral derrubou a verticalização, que fora decretada para a eleição de 2006 a partir de uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral do deputado Miro Teixeira, e cada partido está liberado para fazer suas coligações regionais sem ligação com a nacional, como impedir que usem seus horários partidários para divulgá-las?
Todos os partidos estão preparando suas propagandas eleitorais com base na realidade das coligações locais. Se houver alguma provocação ao TSE sobre a questão, é certo que a questão será levada até o Supremo Tribunal Federal, o que dará à eleição deste ano mais uma faceta, a da judicialização política que ajudará a radicalizar ainda mais o ambiente eleitoral.
PCdoB: Partido Carcomido do Brasil 
Rodrigo Contantino - VEJA

Fonte: GLOBO
Os comunistas brasileiros são engraçados. Vejam o caso de Jandira Feghalli. Uma comunista que é também empresária e sócia capitalista em restaurante, de olho nos pecaminosos lucros obtidos, segundo os próprios comunistas, pela “mais-valia”, i.e., a exploração do trabalho alheio.
Agora imaginem que esta mesma comunista resolveu acusar outro partido de “carcomido”, “nojento”, que precisa ser “varrido”. Falava do PMDB, que, de fato, merece muitas críticas. Mas vindo de quem vem é hilário! PCdoB deveria ser Partido Carcomido do Brasil. Comunismo é carcomido por excelência. Quem é que ainda defende essa ideologia nefasta, responsável pela morte de cem milhões de inocentes? Só na América Latina mesmo!
Pois bem: a convenção do Partido Carcomido do Brasil já começou mal, ignorando as leis e criando a maior confusão. É que resolveu fazer evento grande aberto ao público para gravar imagens para a campanha eleitoral, o que não é permitido pelo TRE:
Começou com confusão o lançamento da chapa Frente Popular, do candidato ao governo do Rio Lindbergh Farias, do PT, durante a convenção do PCdoB, nesta quinta-feira, na casa de espetáculos Via Show, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Pelo menos 20 fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foram ao local com uma decisão judicial para impedir que pessoas sem filiação partidária tenham acesso ao evento. O tumulto começou quando a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) tentou impedir a ação. Houve empurra-empurra. A deputada chegou a dizer que não vai cumprir a decisão judicial. Em nota, o TRE-RJ informou que vai processar a deputada federal por tentar impedir a fiscalização do evento.
A claque foi convocada pelas redes sociais, segundo nota divulgada pelo TRE, mas a legislação, que a deputada afirma conhecer por ser deputada, proíbe encontros partidários abertos ao público. Ainda segundo a nota do TRE, os responsáveis pelo evento e a deputada incitaram “militantes a hostilizar fiscais do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, que vão ser processados por descumprimento da ordem judicial”.
É o que os “carcomidos” sabem fazer melhor: desrespeitar leis, justificar seus crimes com base no argumento de que outros também os praticam, e incitar a baderna e a arruaça. Nada novo sob o sol. Comunistas representavam o atraso já no século 20, quiçá no século 19, pois as ideias contidas no Manifesto Comunista de 1848 já nasceram ultrapassadas e devidamente refutadas pelos mais inteligentes – ou menos invejosos.
Agora, em pleno século 21 ainda ter de aturar comunistas usando a foice e o martelo como símbolos ideológicos e condenando o capitalismo, enquanto se esbaldam com os lucros capitalistas, isso já é demais da conta. Quando é que os “carcomidos” serão “varridos” da política nacional de uma vez por todas?
PS: Nem preciso dizer, mas o PCdoB é parte do governo Dilma e a convenção que terminou em confusão era justamente para lançar a candidatura do petista Lindbergh Farias ao governo do Rio. Onde é que você foi se meter, Romário?
PS2: A política nacional é tão “suruba” que o PCdoB de Alagoas defende… o ex-presidente Collor! Isso mesmo! Foi postado na página do próprio esse elogio que recebeu:
Petuba
Não é “fofo”?
O novo negócio do filho caçula de Lula
Lauro Jardim - VEJA
luiz cláudio
Nos ramos da previdência e da saúde
Com três sócios, Luis Claudio Lula da Silva, o filho mais novo de Lula, acaba de abrir em São Paulo uma corretora de seguros, a Silva e Cassaro. Já conseguiu o registro na Susep. Seu foco será vender planos de previdência complementar e de saúde para construtoras.
A arrecadação padece com erros de política econômica
O Estado de S.Paulo 
Com a economia em ritmo lento, os maus resultados da arrecadação federal, em maio e nos primeiros cinco meses deste ano - quedas de 5,95% em relação a maio de 2013 e estagnação em relação a igual período de 2013, com alta de apenas 0,31% -, não deveriam causar surpresa, não fosse o fato de que eles se devem, em parte, a decisões controvertidas de política econômica.
Entre essas decisões, a que mais atingiu a arrecadação foi a desoneração tributária de R$ 42 bilhões, em 2013, superior em R$ 13,4 bilhões à de igual período de 2012 e que poderá chegar a R$ 100 bilhões neste ano, como calcula a Receita.
Mas há um segundo aspecto tão ou mais grave: a desaceleração da atividade tem muito que ver com a política econômica. Outros países emergentes têm superado melhor que o Brasil as dificuldades globais, como os latino-americanos Colômbia, Peru, Chile e Equador, cujas economias estão crescendo.
Há, de fato, uma distorção quando se comparam os números de maio de 2014 e maio de 2013, quando houve a receita extraordinária de R$ 4 bilhões referente a vendas de participação societária e depósito judicial. Mas a expressão "extraordinário" precisa ser empregada com cuidado. O governo tem-se valido de outras receitas tipicamente "extraordinárias" para melhorar a arrecadação, como as sucessivas reaberturas do programa Refis. A receita do mês passado foi R$ 5,5 bilhões inferior à de maio de 2013, em termos reais. Ou seja, teria havido queda real de arrecadação mesmo sem considerar a receita extraordinária de R$ 4 bilhões, em 2013.
A Receita já reviu as projeções para 2014, admitindo que a estimativa de um ganho de 3% ficou superada, prevendo agora 2%. São prováveis novas reestimativas, para pior.
Entre janeiro e maio, comparativamente a igual período de 2013, caíram não só a arrecadação do IRPJ/CSLL, mas também da Cofins/PIS-Pasep, com peso de mais de 20% na arrecadação tributária total. Comparando apenas os meses de maio deste ano e do ano passado, diminuiu a receita real do IPI-Bebidas (-13,1%), do Imposto de Renda total (-10,91%) e até do IR retido na fonte (-5,32%). A receita do IR-Fonte sobre rendimentos do trabalho cresceu só 1,2%, num quadro de quase pleno-emprego. A receita de IPI-Automóveis e Outros voltou a crescer com a recomposição das alíquotas, mas com pouco efeito sobre os dados totais.
Este poderá ser o terceiro, em 19 anos, em que a receita real tem queda. Isso só ocorreu em 2003 e 2009.
“O governo brasileiro está fazendo uma opção pelo que há de mais atrasado e populista”, afirma Ricardo Ferraço
Rodrigo Constantino - VEJA 
A entrevista nas páginas amarelas de Veja esta semana é com Ricardo Ferraço, do PMDB capixaba e presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. O entrevistador é Duda Teixeira, que soube levantar pontos muito importantes e extrair do entrevistado declarações firmes sobre o “apagão” em nossa política externa sob o governo Dilma.
Para Ferraço, o Itamaraty se “apequenou” durante esse governo, nunca teve tão pouco prestígio como agora. Muitos diplomatas, segundo Ferraço, estão tendo de se submeter a essa lógica bolivariana para manter o cargo e o salário. É uma acusação muito grave, que apenas confirma aquilo que muitos já desconfiavam.
Por trás dessa destruição do Itamaraty estaria o “chanceler de fato”, Marco Aurélio Garcia, assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República e ícone do bolivarianismo dentro do PT. É ele quem continua dando as cartas na política externa, garante Ferraço. Garcia é um dos principais ideólogos do gramscismo no Brasil.
Para o entrevistado, o Brasil carece de um projeto de nação, e o modelo atual está completamente esgotado. Mesmo fazendo parte do PMDB, partido que participa do governo, Ferraço diz ter votado contra a aliança com o PT, e não poupa críticas ao governo atual. Abaixo, um trecho da entrevista:
Ferraço
Na melhor hipótese, um filme-catástrofe
ROLF KUNTZ - OESP
A presidente Dilma Rousseff parece ter-se inspirado em filmes-catástrofe para governar. Se esse for mesmo o caso, ainda há esperança: aqueles filmes terminam bem, ou pelo menos tão bem quanto possível depois de muita devastação. Mas essa, por enquanto, é só uma hipótese otimista, rejeitada por economistas do Banco Central (BC) e desmentida, até agora, pelas principais fontes oficiais de informação. As novas projeções do BC apontam inflação maior e crescimento econômico menor que os previstos em março no relatório trimestral de inflação. O desastre fiscal de maio - um rombo de R$ 10,5 bilhões nas contas primárias do governo central - confirmou a piora geral do quadro econômico. Foi o pior resultado das contas públicas neste ano, mas perfeitamente compatível com a evolução das finanças federais. De janeiro a maio, a receita líquida do governo central, R$ 412,74 bilhões, foi 6,5% maior que a de um ano antes, mas a despesa, R$ 393,58 bilhões, ficou 11,1% acima da contabilizada nos primeiros cinco meses de 2013.
Como consequência, o superávit primário, destinado ao pagamento de juros, ficou em R$ 19,16 bilhões, 42,4% abaixo do valor do mesmo período do ano anterior. Esse resultado foi equivalente a apenas 0,91% do produto interno bruto (PIB). Parece muito difícil, nesta altura, a meta fixada para o ano, um resultado primário correspondente a 1,9% do PIB. Mas a mera será alcançada, prometeu na sexta-feira o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Ele se dispensou de dizer como esse alvo será atingido. Mas a experiência indica uma resposta muito provável: como fez em anos anteriores e nos primeiros meses deste ano, o governo federal poderá recorrer a arranjos contábeis para fechar o balanço das contas públicas.
Neste ano, até maio, a receita foi reforçada com R$ 9,01 bilhões de dividendos. Esse valor é 230,9% maior que o registrado pelo Tesouro nos mesmos meses do ano passado. Mas o arsenal de truques do governo é mais variado e o volume de receitas especiais poderá ser ampliado até o fim do ano. Mais R$ 2 bilhões já foram garantidos, há poucos dias, por meio de acordo com a Petrobrás. A empresa receberá quatro áreas do pré-sal, sem licitação, e em troca pagará ao Tesouro R$ 2 bilhões neste ano e mais R$ 13 bilhões entre 2015 e 2018.
A concessão aumenta o volume de reservas da Petrobrás e torna a exploração economicamente menos arriscada, mas impõe uma nova sangria à caixa da empresa. Os benefícios poderão surgir dentro de alguns anos, mas o sacrifício financeiro será imediato e tornará obrigatório um ajuste nos planos da companhia.
A presidente da estatal, Graça Foster, classificou o contrato como vantajoso, mas voltou a reclamar aumento de preços para a empresa cumprir a sua parte. O governo confirma, com a imposição desse contrato, a decisão de continuar usando as estatais para resolver os problemas do Tesouro, assim como vinha usando, por meio do controle de preços, para administrar os índices de inflação. Anunciada a manobra, as ações da Petrobrás caíram.
A evidente piora das finanças públicas desmente aposta mais otimista dos dirigentes e economistas do BC - a evolução das contas fiscais para uma posição de "neutralidade", isto é, sem novos efeitos inflacionários. As contas do governo refletem ao mesmo tempo a má situação dos negócios e a causa principal da estagnação da indústria - a condução inepta da política econômica. As desonerações tributárias e os favores financeiros concedidos a alguns setores - e até mesmo a algumas empresas selecionadas - produziram quase nenhum benefício ao conjunto da economia.
Estímulos bem concebidos teriam resultado em aumento da produção e em mais investimentos. Esse efeito acabaria revertendo em maior recolhimento de impostos e contribuições. Nada disso ocorreu e nada, por enquanto, indica resultados melhores em prazo razoável. Mas o governo tornou-se, de certa forma, prisioneiro dos próprios erros. Já se falava, no fim da semana, em renovação de incentivos à indústria automobilística. Mas, segundo o secretário adjunto da Receita Federal, Luiz Fernando Teixeira Nunes, a arrecadação projetada para os segundo semestre inclui a recomposição da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pago pelo setor automobilístico. Mesmo com esse pressuposto, ele reduziu de 3% para 2% o aumento real da receita neste ano.
O novo Relatório de Inflação do BC, um amplo balanço trimestral das condições internas e externas da economia, resume e articula os sinais mais importantes de agravamento da crise brasileira. A projeção central de crescimento econômico neste ano foi reduzida de 2% para 1,6%, mais próxima da estimativa do mercado.
No cenário básico, a inflação acumulada em 12 meses chegará a 6,4% no fim deste ano, a 5,7% em dezembro de 2015 e a 5,1% no período até o segundo trimestre de 2016. Em dois anos, isto é, dentro do horizonte de projeção do BC a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), continuará, portanto, bem acima da meta, 4,5%.
O Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do BC, decidiu oficialmente, nesta semana, manter esse alvo até 2016, com a margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. A meta fixada no Brasil continuará, portanto, bem acima da adotada na maior parte dos países emergentes e dos desenvolvidos.
Mas qual será a meta efetiva? Nos últimos anos, o governo tem-se contentado com números próximos de 6%. Se houver um esforço real para alcançar a meta, já haverá um progresso. A meta, simplesmente. "Centro da meta" é mistificação ou bobagem. O resto é margem de tolerância, reservada, como em outros países, para desastres. No Brasil, o fator realmente desastroso, há muitos anos, tem sido a política econômica.
Onde está o “Guilherme Boulos” do outro lado?
Rodrigo Constantino - VEJA
Guilherme Boulos com Dilma e Haddad. Fonte: CC
Guilherme Boulos com Dilma e Haddad. Fonte: CC
Há poucas coisas mais absurdas do que a acusação que o PT em particular e a esquerda em geral fazem contra a imprensa nacional. Acusam-na de ser “conservadora”, a tal “mídia golpista” que adoraria odiar Lula e o PT, “defensores dos pobres” (risos). Paradoxalmente, esta imprensa poderosa não impediu a permanência do PT no poder por 12 anos (e que sejam os últimos!).
A “imprensa conservadora” é uma invenção canhota, um mito criado pela esquerda. Faz parte inclusive de uma estratégia inteligente, que funciona: com receio de serem “acusados” de conservadores, os grandes veículos de imprensa lotam ainda mais suas redações com esquerdistas. Quanto mais radicais forem, melhor! Tudo para posarem de “neutros”, na esperança de serem deixados em paz pelos críticos vorazes.
Não funciona, claro. Quanto mais seres jurássicos estes veículos contratam, mais são acusados de “conservadores”. A última contratação da Folha é realmente um espanto: ninguém menos do que Guilherme Boulos, o líder dos sem-teto, grupo praticante de crimes contra a propriedade alheia.
Eu já havia achado um absurdo a Folha dar espaço para “entrevistar” um sujeito que pratica e faz apologia ao crime (Mario Sergio Conti, aquele que entrevistou o sósia do Felipão achando que era o próprio, também convidou o ilustre invasor para seu programa na Globo News, no qual só vai comuna e já recebeu até o assassino Cesare Battisti, foragido da justiça italiana). Mas contratar como colunista fixo?
Isso é para fazer média com os neandertais porque Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli escrevem no jornal? Por falar nele, em sua coluna de hoje, Reinaldo Azevedo menciona esse duplo padrão hipócrita da imprensa esquerdista:
Digam-me um só tema em que a imprensa brasileira seja “conservadora”. Não há. Tome-se a cobertura dispensada às manifestações de rua. Imaginem o que aconteceria se mascarados “de direita” saíssem quebrando tudo por aí. Gritar-se-ia em coro: “Fascistas!”. E com razão. E se grupos “reacionários” recorressem aos métodos do MST e do MTST? Cadê o “Guilherme Boulos” do “outro lado”?
O jornalismo viu e vê com olhos encantados os ditos protestos, mas isso decorre de um desvio de esquerda. O petismo que remanesce nas Redações é do tipo primitivo, meio “psolento”, e acredita na geração espontânea da “consciência social”. Falta-lhe a dimensão, digamos, pragmática de um Luiz Moura e de um Carvalho.
Os farsantes tentaram jogar a hostilidade a Dilma nas costas de nove jornalistas, enquanto o principal auxiliar da presidente dialogava com pessoas que deveriam estar na cadeia.
A pergunta é pertinente: Cadê o “Guilherme Boulos” do “outro lado”? Alguém viu “conservadores” quebrando coisas por aí? Quando Rachel Sheherazade disse compreender quem, cansado da impunidade no país, desejava partir para a justiça com as próprias mãos, foi um Deus nos acuda! Ela foi linchada verbalmente pela imprensa, perseguida, intimidada, rotulada com os piores adjetivos.
Mas o sujeito que invade propriedades, praticando ele mesmo um crime, esse tudo bem? Esse pode até ser colunista do jornal, que não tem problema algum? Alguém realmente imagina qual seria a reação da mesma imprensa “conservadora” se seguidores de Jair Bolsonaro resolvessem sair por aí ignorando as leis para fazer “justiça com as próprias mãos”, segundo seus próprios conceitos de justiça?
Quando alguém como Boulos é comparado com alguém como Reinaldo Azevedo, cada um representando um “extremo” do espectro ideológico, então é porque a esquerda radical já teve sucesso em sua estratégia das tesouras. Já levou o centro tão para a esquerda que os inocentes úteis acreditam que “moderado” é um PT ou um PSOL da vida! E ainda repetem como papagaios que o PSDB, um partido de centro-esquerda social-democrata, representa a “direita neoliberal”.
Nada mais falso. O PT nunca foi moderado, e o PSOL é o PT de ontem, extremamente radical. Os tucanos não são nem liberais, nem de direita. E a imprensa não é conservadora, nem aqui, nem na China. A maioria dos jornalistas tem inclinação “progressista”, e o mesmo vale para os colunistas.
A cobertura das notícias acaba com um viés claramente esquerdista. O duplo padrão é evidente. Os que condenam “ambos os extremos” não se dão conta de que só há um extremo de verdade. Cadê o “Guilherme Boulos” do “outro lado”?
PS: O Brasil não é mesmo um país sério. Quando os arruaceiros sem-teto acamparam em frente a Câmara, até senha para usar o Wi-Fi eles receberam do governo. Sem teto, mas com iPad, porque ninguém é de ferro…
A boa notícia de Sarney
O Estado de S.Paulo
Dia desses correu nos meios políticos uma boa notícia que rapidamente se espalhou pelo País: José Sarney desistiu de se candidatar mais uma vez ao Senado. Não faltou quem se apressasse a anunciar que o mais antigo cacique do País estaria se aposentando da política. Ledo engano. Aos 84 anos, com quase 60 na vida pública, o maranhense José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, alcunhado José Sarney, soube aprimorar o modelo de dominação do coronelismo nordestino, construiu um império sustentado na conjugação de política com bons negócios e se tornou um dos homens mais poderosos do País. Uma conquista que se deve principalmente ao insaciável apetite por servir-se do poder, mantendo-se para tanto quase que permanentemente aliado aos governantes de turno. E vocação assim é tão longa quanto a vida.
A biografia de Sarney, escoimada da mistificação hagiológica das publicações por ele patrocinadas, revela um político extremamente habilidoso, solerte, capaz de transitar com desembaraço entre todos os antagonismos, sempre pragmaticamente focado em somar conquistas a seu patrimônio pessoal e político. Desse ponto de vista, a carreira de José Sarney é um magnífico exemplo de coerência: nunca embarcou - pelo menos por mais tempo do que o estritamente necessário - em canoa furada.
Mas a trajetória política do 31.º presidente da República é marcada também por dois outros atributos decisivos: a capacidade de adornar a própria imagem com tinturas de ideias progressistas e muita sorte.
Sarney se lançou na política maranhense fazendo oposição ao senador Vitorino Freire, o "coronel" cria da ditadura Vargas, chefe político no Estado por mais de 30 anos. O futuro presidente da República disputou sua primeira eleição a deputado federal em 1954, conquistando a terceira suplência, mas assumindo provisoriamente uma cadeira na Câmara dos Deputados no ano seguinte. Pouco depois trocou o partido pelo qual se elegera, o então PSD, pela UDN, legenda na qual permaneceu até o governo militar, que extinguiu os partidos políticos e criou a Arena e o MDB.
Na UDN, Sarney identificou-se com a ala mais progressista, cujas preocupações sociais passaram a pautar sua ação política no Maranhão, no combate ao vitorinismo. Em 1965, aos 35 anos, elegeu-se governador. E começou a revelar sua verdadeira face de novo coronel do pedaço. Apesar de algumas realizações pontuais comemoradas por uma população absolutamente carente de serviços públicos, a substituição do vitorinismo pelo domínio da família Sarney resultou, depois de quase meio século, na manutenção do Maranhão como um dos Estados mais atrasados e carentes. Hoje, sob o governo de Roseana Sarney, exibe o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) regional.
Enquanto o Maranhão se contorcia em atraso e pobreza, a carreira de Sarney só fez progredir. Em 1985, dando-se conta dos estertores da ditadura militar que apoiara convictamente como presidente do então partido governista, a Arena, bandeou-se para a oposição. Na eleição indireta de 1985 tornou-se vice-presidente da República, assumiu provisoriamente a chefia do governo quando o titular eleito, Tancredo Neves, adoeceu antes da posse e tornou-se chefe de Estado quando, semanas depois, Tancredo morreu sem ter envergado a faixa presidencial.
Os cinco anos do governo Sarney foram marcados pelo agravamento da situação econômica e pelo grande aumento das denúncias de corrupção. Isso criou condições para que um aventureiro de Alagoas se tornasse seu sucessor, em 1989, proclamando-se "caçador de marajás". Em 1990, elegeu-se novamente senador, pelo então recém-criado Estado do Amapá, e passou a operar politicamente a partir da Câmara Alta, que presidiu por três vezes.
Quando Lula chegou à Presidência, em 2003, Sarney o esperava de braços abertos. Imediatamente se identificaram no apego ao poder e cimentaram uma sólida aliança. A decisão de se poupar do repúdio do eleitorado amapaense não vai mudar isso. Mesmo assim, é uma excelente notícia para o Brasil.
Finanças da Petrobras ficaram à mercê da política
Mesmo para uma grande companhia petrolífera, o endividamento da estatal está acima do que a própria empresa considera recomendável
O Globo
O endividamento da Petrobras está muito acima do recomendável. Mesmo no caso de grandes empresas petrolíferas, que podem negociar suas reservas de óleo e gás por valores expressivos em curto espaço de tempo, o envidamento deve ter uma certa proporção em relação a seu patrimônio líquido. A própria Petrobras tem como meta reduzir essa proporção para 30% nos próximos anos (39%, no primeiro trimestre).
Para que isso aconteça, a empresa terá que gerar mais caixa nos próprios negócios, já que a possibilidade de recorrer ao mercado para se capitalizar é desaconselhada pelos especialistas, devido ao temor de desvalorização nos preços das ações (ainda que a iniciativa pudesse melhorar as finanças da companhia no médio e longo prazos). Isso porque a última capitalização da empresa, que envolveu uma operação de cessão onerosa de blocos de exploração de petróleo, por parte de seu principal acionista (o Tesouro), teve uma repercussão negativa que se reflete ainda hoje nas bolsas de valores.
Assim, não resta à Petrobras outra opção que não a de se financiar com lucros e a evolução dos seus negócios. Mas, para se tornar mais lucrativa, possivelmente a empresa terá de reduzir seu endividamento, o que a obriga a quebrar o círculo vicioso que a envolveu desde o início do governo Lula.
Como os preços dos combustíveis que a empresa mais vende internamente (gasolina e diesel) permanecem desalinhados em relação aos que vigoram no mercado internacional, a companhia acaba acumulando prejuízos, já que, para atender ao consumo doméstico, é a responsável por importar grandes volumes desses produtos (herança do anacrônico monopólio, que tornou a Petrobras única proprietária de refinarias no país). Para aumentar a produção desses derivados de petróleo, a estatal constrói duas refinarias, que vão gerar receita apenas em alguns anos. Tais investimentos agora pesam no fluxo de caixa da estatal.
O governo negociou semana passada com a Petrobras uma ampliação das reservas à disposição da companhia nos campos da camada do pré-sal da Bacia de Santos que já haviam sido cedidos a ela de maneira onerosa. Isso implicará novos desembolsos da companhia sem que tenha sido resolvido a questão do seu alto endividamento. Foi, na verdade, mais uma operação de contabilidade criativa, a fim de a estatal transferir para o Tesouro, apenas este ano, R$ 2 bilhões a título de bônus pelas áreas recebidas.
A Petrobras terá necessariamente de buscar parceiros para concretizar sua enorme gama de investimentos, ou até mesmo vender parcial ou integralmente alguns ativos. Nesse caso, a política deve interferir o menos possível, pois se trata de uma questão técnica. A interferência política comprometeu as finanças da Petrobras. A empresa só vai conseguir se recuperar se as decisões técnicas prevalecerem. Caso o governo deixe de utilizá-la com objetivos político-partidários.

O PAC do trem fantasma 
OESP
Um trem fantasma circula entre Campinas e Rio de Janeiro, correndo nos trilhos imaginários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Prometido inicialmente para este ano, o trem-bala nunca saiu da promessa, continua como um vago projeto e, assim mesmo, seu status aparece como "adequado" no 10.º balanço do PAC, apresentado na sexta-feira pela ministra do Planejamento, Míriam Belchior. Em agosto do ano passado o leilão do trem de alta velocidade, com percurso de 511 quilômetros e custo estimado de R$ 32 bilhões, foi adiado pela terceira vez. Mas oficialmente o projeto está em dia.
Bastaria essa classificação para minar a credibilidade de mais um balanço triunfal de realizações federais. Mas outros dados comprovam, mais uma vez, o baixo grau de sucesso de um programa destinado principalmente, como indica seu nome, a ampliar a capacidade de expansão da economia brasileira.
O novo relatório comprova, mais uma vez, a predominância dos gastos com habitação no mais vistoso programa do governo central. A execução orçamentária do PAC 2 até 30 de abril deste ano envolveu aplicações de R$ 871 bilhões, 84,6% do total previsto para o período 2011-2014. Os financiamentos habitacionais, R$ 285,3 bilhões, corresponderam a 32,7% do valor aplicado. Nem sequer se poderia classificar esse montante como investimento, até porque o dinheiro pode ter sido gasto, no todo ou em parte, em imóveis velhos.
Somando-se a isso as aplicações do programa Minha Casa, Minha Vida, R$ 78 bilhões, chega-se a R$ 361,6 bilhões, ou 41,7% dos R$ 871,4 bilhões comprometidos entre 2011 e o fim de abril. O resto é dividido entre os demais setores, com destaque para os de energia e de transportes.
Não há como desmentir: o PAC é essencialmente um conjunto de financiamentos e investimentos habitacionais. Os programas de moradia podem ser importantes socialmente, economicamente úteis e louváveis sob vários aspectos, mas a aceleração do crescimento, finalidade explícita do programa, depende muito mais de investimentos em infraestrutura.
Os dispêndios das estatais, R$ 231,4 bilhões desde o início do PAC 2 até 30 de abril, corresponderam a 26,6% das aplicações totais. Somados os gastos do Orçamento-Geral da União chega-se a R$ 324,2 bilhões, valor bem menor que o dedicado à habitação.
Como explicar o peso desproporcional dos gastos com habitação? A resposta provavelmente envolve a dificuldade muito maior de planejar, projetar e executar obras de estradas, ferrovias, portos, armazéns, aeroportos, centrais elétricas, sistemas de transmissão e de pesquisa, exploração e refino de petróleo.
A escassa competência do governo federal no tratamento dessas questões já foi comprovada muitas vezes, especialmente a partir do primeiro PAC. Muitos projetos emperram antes de sair do papel, ou já nas primeiras fases de execução, por descumprimento, por exemplo, dos padrões financeiros cobrados pelo Tribunal de Contas da União. Outros emperram por má administração ou mesmo por falhas escandalosas de planejamento, como, por exemplo, nos casos de centrais elétricas impedidas de funcionar por falta de linhas de transmissão.
O PAC nunca foi, de fato, mais que uma sigla usada para marketing político. Desde a primeira versão, esse nome serviu basicamente para designar uma colcha formada pela costura apenas formal de várias ações desenvolvidas, em nível federal, pela administração direta e pelas várias estatais.
Já existiam os grandes projetos do setor elétrico. O planejamento da Petrobrás, periodicamente revisto e atualizado, era parte da rotina da empresa. As necessidades do setor de transportes eram conhecidas e obras importantes estavam em execução. O PAC nada acrescentou a esse conjunto, além de um nome de fantasia e de uma bandeira de propaganda.
Esse programa - ou "programa" - teria algum valor prático se tivesse ao menos servido para introduzir maior racionalidade no planejamento federal. Nada semelhante ocorreu. Ao contrário: a qualidade gerencial decaiu, como ficou demonstrado com a desastrosa intervenção na política de tarifas de energia, com a manutenção do controle de preços da Petrobrás e com o uso das estatais para remendar as contas públicas. O resto é propaganda ruim, nem sequer enganadora.
De acusador a réu 
Ruy Fabiano - Blog do Ricardo Noblat
Em entrevista ao SBT, anteontem, Lula, com ares de Conselheiro Acácio, disse, entre outras coisas, que “o PT vai ter que enfrentar o debate da corrupção”. Ontem, em Salvador, no lançamento da candidatura de Rui Costa ao governo da Bahia, voltou a falar em reforma “para moralizar a política”.
O que se percebe é que o PT ainda crê na possibilidade de retomar a bandeira da moralidade, que o levou ao Planalto, e assumir novamente o comando dessa discussão. Não percebeu que, em quase doze anos no poder, passou de acusador a réu.
Seu alto comando está (ainda) na Papuda. O debate se processará (já está, aliás, se processando) queira ou não o partido. A rigor, não queria, mas tornou-se inevitável. As manifestações que precederam a Copa do Mundo tinham menos a ver com o evento que com o ambiente em que as obras se desenvolveram.
Obras sem licitação, superfaturadas e inacabadas, constituem um velho padrão brasileiro, mas, na Era PT, mostraram-se sistêmicas; ganharam o cunho do oficialismo.
O Mensalão, que Lula diz jamais ter existido – o que colocaria o Supremo Tribunal Federal, que condenou os infratores, no banco dos réus -, não tem precedentes.
Não foi um roubo isolado, mas a tentativa de embolsar um Poder da República – e que só fracassou graças à inconfidência de um dos cúmplices, o ex-deputado Roberto Jefferson, do PTB, que se sentiu enganado. Chegou-se a tal extremo que não há exagero em afirmar que, para descobrir novas falcatruas, basta escolher aleatoriamente uma repartição qualquer do Estado.
O empenho do governo em impedir investigações na Petrobras equivale a uma confissão de culpa. O partido, que fazia das CPIs o seu principal palanque, hoje as evita a todo custo. Ao longo do exercício do poder, viu, um a um, os seus principais quadros intelectuais o abandonarem, em meio a desabafos de decepção. Restaram-lhe figuras que mais se amoldam a uma delegacia policial que a uma tribuna parlamentar.
Não será fácil a Lula enfrentar esse debate, já que ele próprio está no centro de algumas acusações. Tanto o Mensalão como a absurda compra da refinaria de Pasadena ocorreram sob seu governo. E há ainda casos constrangedores, como o de Rosemary Noronha, a namorada que chefiava a Presidência em São Paulo, e que, nessa condição – de chefe e namorada -, nomeava figurões da República e fazia bons negócios.
Lula até hoje não emitiu uma palavra sequer sobre o assunto, o que torna seu silêncio mais eloquente que as palavras.
Difícil imaginar um debate sobre corrupção que passe por cima desses temas. A estratégia até aqui exibida é a de tentar implicar o concorrente em acusações similares, na base do “eles também roubaram”. Não há como cobrar, mais de uma década depois, atos que cabem a quem estar no poder punir.
Lula ensaiou um discurso pacifista e autocrítico na entrevista do SBT, ao reconhecer que os insultos do Itaquerão não decorreram apenas da tal elite branca de São Paulo. São bem mais amplos e foram reproduzidos em outros ambientes. Gilberto Carvalho já havia dito isso em entrevista a blogueiros chapa-branca.
O partido sabe que perdeu o encanto junto à classe média e ao empresariado, sustentáculos consideráveis em sua ascensão e permanência no poder. Resta-lhe a clientela do bolsa-família, nada desprezível do ponto de vista estatístico, mas insuficiente para garantir um segundo mandato de Dilma.
Também nesse segmento, a inflação dos alimentos preocupa, semeia insatisfações e impõe perdas. E os demais candidatos também irão se comprometer com a continuidade daquele benefício, que, aliás, foi herdado da administração tucana.
O discurso do ódio, na base do nós x eles, não parece eficaz e é desaconselhado pelos marqueteiros. Mas o partido não parece ter outro. Tanto assim que ontem, em Salvador, Dilma voltou a proferi-lo, acusando seus adversário de apelar “para o ódio, os xingamentos e a política desqualificada”.
São palavras que não resistem a um exame superficial. Política desqualificada? Que tal examinar os quadros da base parlamentar governista? Xingamentos? E o que Lula disse do ex-presidente Itamar Franco, ao ofender publicamente sua mãe? E o que o PT fez com a blogueira cubana Yoani Sánchez quando de sua visita ao Brasil? E com a deputada venezuelana Maria Corina? E o apoio ao regime venezuelano?
Há bem mais: o financiamento ao porto cubano, o perdão das dívidas de regimes totalitários africanos sem audiência ao Congresso etc. etc. Por aí, não será fácil estabelecer o debate que Lula acredita ter ainda sob controle.
A candidata do PT é Dilma, mas Lula articula nos bastidores e oferece ministério a Crivella a partir de 2015. Afinal, quem nomeia?
Lauro Jardim - VEJA
a
Lula: sem-cerimônia nas articulações para a formação de um segundo governo Dilma
Há cerca de um mês, Lula esteve com Marcelo Crivella e lhe propôs renunciar à candidatura ao governo do Rio de Janeiro, virar vice de Lindbergh Farias e, em 2015, ganhar um ministério importante num eventual segundo governo Dilma.
Pode parecer uma articulação como outra qualquer. Não é. Significa que Lula já está nomeando ministros num governo que não é o seu. E, até onde se sabe, Dilma não lhe deu essa procuração.
Nas mãos de Deus
Celso Ming - OESP
Embora reconheça que a inflação piorou, o Banco Central (BC) parece ter entregue tudo às mãos de Deus. O que tinha de ser feito foi feito. É o que pode ser deduzido do segundo Relatório de Inflação deste ano, ontem divulgado. 
O BC já não conta com um recuo. Em março, projetara para todo o ano de 2014 uma inflação de 6,1%; agora admite que não ficará abaixo de 6,4%, a uma polegada do admissível. O risco de que a inflação transborde o teto da meta ao final deste ano saltou de 38% para 46%.
As projeções oficiais para 2015 também pioraram. Foram de 5,5% em março e passaram a 5,7%. Há razões para entender que o desrepresamento dos preços administrados pode provocar ainda mais estrago.
Se cumprisse à risca o regime de metas de inflação, o colegiado do BC teria de continuar a puxar os juros para cima. Desistiu de fazê-lo porque, no fundo, também faz a pergunta que o presidente Lula fez no dia 6, em Porto Alegre, quando apontou o indicador para o secretário do Tesouro, Arno Augustin: "Se a gente não tem inflação de demanda, por que está barrando o crédito?".
O avanço do PIB está abaixo do previsto e "o deslocamento do hiato do produto" faz o jogo anti-inflacionário. É um jargão dos economistas para expressar tanto o aumento da capacidade ociosa como o crescimento econômico abaixo do potencial da economia. Na prática, o BC olha para os altos estoques das montadoras e para a velocidade das máquinas do resto da indústria e conclui que, nessas condições, os empresários contam até dez antes de fazer remarcações.
No diagnóstico do BC há mais fatores a considerar. Fazem o jogo contra o controle da inflação. A situação de pleno-emprego aumenta os riscos de inflação, diz o Relatório. O BC pede mais "moderação salarial", ou seja, pede reajustes salariais mais baixos, que olhem mais para a inflação futura do que para a inflação passada. Embora não o diga explicitamente, pressupõe que um pouco mais de desemprego ajudaria a combater a inflação.
Outra afirmação grávida de consequências é a de que "há dois importantes processos de ajustes de preços relativos em curso na economia - realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres". Se traduzisse esse código para algo mais compreensível, o BC estaria dizendo, em primeiro lugar, que o câmbio (cotação do dólar) cumpre uma função relevante na contenção da inflação, na medida em que preços mais baixos dos importados reduzem os reajustes dos preços internos. Há aí uma faca de dois gumes. Quando deixar que o dólar se ajuste para cima, em vez de derrubar, o BC estará concorrendo para aumentar a inflação.
Em segundo lugar, há o problema já conhecido dos preços administrados. Quando a panela de pressão das tarifas represadas de energia elétrica, dos combustíveis e dos transportes urbanos for destampada, os demais preços entrarão em ebulição.
São fatores que concorrerão para puxar para cima a inflação futura e, se isso for para o salário, como quer o BC, teremos mais inflação, e não menos.